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9 de abril de 2012

Roberto Silva, O Príncipe do Samba!

Hoje completa 92 anos de vida, o dono de uma das maiores vozes do samba, tão relevante que possui até título de nobreza relativo a esse campo musical, muito em razão de sua elegância, considerado por muitos, um dos grandes intérpretes da MPB. Roberto Silva, nascido Roberto Napoleão no dia 09 de abril de 1920, na Praça Cardeal Arcoverde, no Bairro de Copacabana, e que posteriormente aderiu ao sobrenome Silva exclusivamente para fins artísticos por uma indicação de Evaldo Rui, provavelmente em homenagem ao ídolo Orlando Silva.
Reverenciado por muitos sambistas e gênios da música brasileira, tendo entre seus fãs confessos João Gilberto, cativou muitos ouvintes com sua levada sincopada e dolente.
Filho de um chapeleiro italiano com uma carioca, aos seis anos de idade mudou-se com a família para o subúrbio de Inhaúma, quando ganhou de presente de sua mãe uma flauta, que logo foi trocada por um violão, mas como gostava mesmo é de cantar, não se aprofundou nos estudos em nenhum dos instrumentos, optando por dedicar-se a freqüentar festinhas na vizinhança, sempre cantando. Aos 12 anos começou a trabalhar numa marmoraria e depois aprendeu e exerceu outras profissões, como lustrador de móveis e mecânico, indo por fim trabalhar no Departamento de Correios e Telégrafos.
No final da década de 1930 começou a freqüentar programas de auditório nas rádios, como o programa de Ary Barroso, o mais famoso e exigente da época. Em 1938, estreou no programa "Canta Mocidade", da Rádio Guanabara, onde trabalhou até 1940. No ano de 1943, após fazer um teste na Rádio Mauá foi contratado e permaneceu na emissora até 1946, tendo participado de vários programas. Nesse mesmo ano, gravou pela Continental seu primeiro disco, custeado pelos autores das músicas, Walter Rodrigues e Djalma Mafra. Ainda nesse mesmo ano, ingressou na Rádio Nacional, levado por Evaldo Rui e Haroldo Barbosa, onde permaneceu por um ano.
Na década de 1940, foi convidado por Paulo Gracindo a fazer parte do elenco da Rádio Tupi, onde o locutor oficial; Carlos Frias, o batizou de "O Príncipe do Samba".
Foi um dos principais intérpretes dos sambas de Wilson Batista, sobretudo daqueles que também continham a assinatura de Jorge de Castro, relação que se iniciou com uma música chamada “Mãe Solteira”, em 1954, canção a qual Roberto Silva, por considerar a letra um tanto trágica, chegou a duvidar de sua adesão junto ao gosto popular, mas que resolveu assim mesmo gravar, ficando extremamente surpreendido com a enorme repercussão que a música obteve quando estourou. Da dupla composta por Wilson Batista e Jorge Castro, o botafoguense Roberto, gravou muitas maravilhas, ironicamente entre elas duas referentes ao rival Flamengo, “Samba Rubro-Negro” e “Samba do Tri-Campeão”.
Com um de seus grandes sucessos, a marchinha “Vagabundo”, Roberto Silva chegou a vender 22 mil discos, um número considerável para a época, época esta, aliás, em que as gravadoras detinham a palavra final sobre o repertório dos artistas, os quais se contentavam apenas em sugerir uma faixa ou outra, entretanto Roberto Silva sempre procurou atender a muitos compositores com extrema gentileza, talvez até por ser ele mesmo co-autor de duas músicas, sob o pseudônimo de Rosilva, sendo assim um conhecedor da, por vezes trabalhosa, feliz arte de compor.
Segundo especialistas, junto com Cyro Monteiro, foi um dos sucessores do estilo de cantar samba sincopado, com rica divisão rítmica, aquele de fraseado sinuoso, rico em notas e acentuadamente gingado, com divisões rítmicas ziguezagueantes, lançado anteriormente por Luís Barbosa e Vassourinha, embora com um fraseado que lembrasse mais a Orlando Silva, seu cantor e modelo preferido. Em 1955 conheceu grande sucesso com duas composições que se tornaram clássicos da música popular brasileira, o samba-canção "Notícia", de Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Norival Reis e o já citado "Samba Rubro-Negro", de Wilson Batista e Jorge de Castro.
Lançou em 1958 o LP "Descendo o Morro", o primeiro de uma série de quatro no qual interpretou sambas clássicos como "Agora é Cinza", de Bide e Marçal; "Falsa Baiana", de Geraldo Pereira; "Ai que saudades da Amélia", de Ataulfo Alves e Mário Lago; "Juracy", de Antônio Almeida e Cyro de Souza e "Seu Libório", de Alberto Ribeiro e João de Barro. Desta seqüência de Lps, vale destacar que em uma entrevista, Roberto Silva se recordou emocionado de um episódio que ficou marcado tristemente em sua memória, referente á sua mãe, tendo relatado que estava ele fazendo o primeiro disco da citada bem sucedida série, num dos dias de gravação varou a noite nos estúdios da Copacabana, nos trabalhos de um samba que sua mãe gostava muito, “Agora é Cinzas”, de Bide e Marçal, uma sugestão sua no repertório. Tendo chegado a sua casa com o dia clareando, recebeu logo a notícia de que ela havia falecido, marcando para sempre o fato da triste coincidência de que, enquanto cantava a letra da canção preferida de sua mãe, esta se encontrava partindo, exatamente como diz a letra da canção: ‘Você partiu de madrugada/ E não me disse nada/ Isso não se faz/ Me deixou cheio de saudades’.
Roberto foi o primeiro cantor de rádio a registrar um samba-enredo com acompanhamento de um regional, quando gravou ‘Exaltação a Tiradentes’ de Mano Décio da Viola e Stanislau Silva, samba com o qual a Império Serrano conquistou o Carnaval de 1950.
No total, Roberto Silva gravou 350 discos de 78 rotações e perto de 20 LPs. Ficou afastado das gravações nos últimos anos, mas teve vários de seus discos relançados em CD, como por exemplo, uma coletânea lançada em 1997, denominada "Roberto Silva Canta Orlando Silva", extraída de seus vários LPs na gravadora Copacabana. A última vez que se ouviu falar da passagem de Roberto Silva por um estúdio foi em 2002, quando participou da gravação de “O Samba é Minha Nobreza”, contudo, sua presença pode ser apreciada em participações como no CD Cidade do Samba, lançado em 2007 e na gravação do DVD do grupo Casuarina, pela MTV, lançado em 2009.

Emília
(Haroldo Lobo / Wilson Batista)

Eu quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar
E de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar
Só existe uma e sem ela eu não vivo em paz.
Emília, Emília, Emília... Eu não posso mais
Ninguém sabe igual a ela preparar o meu café
Não desfazendo das outras, Emília é mulher
Papai do céu é quem sabe a falta que ela me faz
Emília, Emília, Emília... Eu não posso mais

Jornal da Morte
(Miguel Gustavo)

Vejam só esse jornal, é o maior hospital,
Porta-voz do bang-bang e da policia central.
Tresloucada, semi-nua, jogou-se do oitavo andar,
Porque o noivo não comprava maconha pra ela fumar.
Um escândalo amoroso com as fotos do casal,
Um bicheiro assassinado em decúbito dorsal.
Cada página é um tiro, um homem caiu no mangue,
Só falta alguém espremer o jornal pra sair sangue, sangue, sangue...

Notícia
(Nelson Cavaquinho / Alcides Caminha / Norival Reis)

Já sei a notícia que vens me trazer
Os seus olhos só faltam dizer
O melhor é eu me convencer
Guardei até onde eu pude guardar
O cigarro deixado em meu quarto
É da marca que fumas, confessa a verdade, não deves negar.
Amigo como eu jamais encontrarás,
Só desejo que vivas em paz
Com aquela que manchou meu nome
Vingança, meu amigo, eu não quero vingança
Os meus cabelos brancos me obrigam a perdoar uma criança.

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A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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