Zé Di.

De certo que serão desconhecidos de muitas pessoas os diversos nomes de compositores que tentaremos citar aqui em nosso blog, como uma pequena forma de homenageá-los, em geral pela passagem de seu aniversário. O nosso aniversariante de hoje, com certeza se encontra nessa condição, não sendo tão reconhecido assim como deveria, mas possuindo com todo merecimento seu respeitado espaço dentre tantos compositores que deixaram, deixam e ainda deixarão sua colaboração na música brasileira, em modo especial no mundo do samba. 

José Dias, ou somente Zédi, nome adotado mesmo com a simplicidade de se nome de registro, completa hoje 76 anos de vida. Nascido no dia 06 de abril de 1936, na cidade de Mogi-Mirim, estado de São Paulo, começou a compor cedo, ainda jovem adolescente, mas só apareceu no cenário musical em 1963, quando uma composição sua se classificou em segundo lugar no Festival de Música Infantil da extinta TV Excelsior. Com visão eclética para composições, participou também do Primeiro Festival de Música Sertaneja da também antiga TV Paulista, sendo vencedor do mesmo. 

Foi para o Bexiga e ingressou na Ala de Compositores da Saracura, sendo que no ano de 1971 conseguiu que a Vai-Vai desfilasse com um samba de sua autoria, fato que se repetiu no ano seguinte. 

Passou a integrar também a Ala de Compositores da Acadêmicos do Salgueiro e em 1974 a escola se sagrou campeã com um samba de sua autoria feito em parceria com Luiz Malandro. No ano de 1980 conseguiu novamente vencer a escolha de samba da Acadêmia, desta vez em parceria com Zuzuca do Salgueiro, Moacir Cimento e Haideé, ano em que a escola ficou em terceiro lugar no carnaval. Repetiu o feito em 1982, com um samba em parceria com Cesar Veneno, ano em que a Salgueiro terminou em 8º lugar. 

Compôs sambas gravados por vozes como Jair Rodrigues, Noite Ilustrada, Hebe Camargo e Moacyr Franco, mas sua obra mais conhecida é Chamego de Crioula, que fez sucesso na voz de Elza Soares. 

Lançou três Lps e dois CD, tendo em seu currículo a honra de ter dividido o palco com Grande Otelo e Nelson Cavaquinho, ale de nomes como Jorginho do Império, Darcy da Mangueira, Jorge Aragão e Noca da Portela.

Nossos Parabéns ao compositor Zé Di, pelos seus 76 anos de inspiração, qualidade e muito samba!

Independência Ou Morte - (Vai-Vai 1971) 

(Zé Di)

Valeu o sacrifício dos Andradas 

E as preces da princesa Leopoldina 

A morte de Tiradentes não foi em vão 

São hoje símbolos vivos da nossa nação 

A maçonaria muito contribuiu 

Na surdina lutou e conseguiu 

E o príncipe regente se fez imperador 

Num gesto de coragem e de amor 

Independência ou Morte 

Dom Pedro primeiro bradou 

E o sonho dos brasileiros se concretizou 

Oh, meu Brasil segue avante 

Olha o futuro lhe espera 

Ninguém segura esse gigante 

Raiou-se o sol de primavera

Xamego de Crioula

(Zé Di)

Você brigou em casa?

Está encabulado, não suporta o tédio?

Ouça o conselho que lhe dou agora

Xamego de crioula é o melhor remédio

Você está doente de amor?

E pra se curar não encontrou doutor?

Ouça o que conselho que lhe dou agora

Com xamego de crioula, você melhora

E você que é velho de 60 anos

Que na mocidade ficou bobeando

Poderá recuperar-se agora

Com xamego de crioula de meia em meia hora

Quando o mundo descobrir

Que é o melhor remédio que pode existir

Vai ver que não precisa estudo

Pois xamego de crioula resolve tudo

O Rei de França na Ilha da Assombração (Salgueiro 1974)

(Zé Di / Luiz Malandro)

In credo in cruz, ê ê, Vige Maria, 

As preta véia se benze, me arrepia 

Ô, ô, ô Xangô,

As preta véia não mente, não sinhô.

Não cantaram em vão 

O poeta e o sabiá 

Na fonte do Ribeirão. 

Lenda e assombração 

Contam que o rei criança 

Viu o reino de França no Maranhão. 

Das matas fez o salão dos espelhos 

Em candelabros palmeirais, 

Da gente índia a corte real, 

De ouro e prata um mundo irreal. 

Na imaginação do rei mimado

A rainha era deusa

No reino encantado.

Na praia dos Lençóis, 

Areia assombração, 

O touro negro coroado 

É Dom Sebastião. 

É meia-noite, Nhá Jança vem, 

Desce do além na carruagem 

Do fogo vivo, luz da nobreza, 

Saem azulejos, sua riqueza, 

E a escrava que maravilha 

É a serpente de prata 

Que rodeia a ilha