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11 de abril de 2012

Parabéns, Portela!

A data de hoje, 11 de abril, marca o aniversário de fundação de uma das mais importantes entidades carnavalescas de todo o Brasil, a apreciada, querida e respeitadíssima Suprema Majestade do Samba PORTELA.
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela é uma das mais tradicionais e conhecidas escolas de samba da cidade brasileira do Rio de Janeiro, carinhosamente chamada de "A Majestade do Samba", forma, juntamente com a Deixa Falar (atual Estácio de Sá) e a Mangueira, a tríade das escolas fundadoras do carnaval carioca, tendo sido fundada oficialmente como um bloco carnavalesco, chamado Conjunto Oswaldo Cruz, em 11 de abril de 1923, no bairro de Oswaldo Cruz, embora haja estudiosos que acreditem que a escola tenha sido fundada em 1926.
Falar da Portela e de toda a sua importância na história do samba e do carnaval demandaria não só a confecção de um livro, mas acredito que de uma enciclopédia, tamanha a relevância da escola no cenário nacional, por isso como uma singela homenagem pela passagem de seu aniversário, deixaremos um breve registro sobre a escola, basicamente de seus primórdios, com dados obtidos em leituras feitas junto ao site oficial da Portela (www.gresportela.com.br), bem como do site PortelaWeb (www.portelaweb.com.br) e no “famoso” Wikipédia (pt.wikipedia.org/wiki/GRES_Portela).
Bem, Oswaldo Cruz, subúrbio da Central do Brasil, na década de 20 ainda cheirava a roça, com imensas chácaras em meio a ruas de barro com valões, por onde pessoas transitavam entre vacarias e currais, a pé ou a cavalo. O bairro era uma espécie de cidade do interior, atrasado, habitado por pessoas humildes que moravam em cortiços, e operários que, de madrugada, apanhavam o trem para deslocar-se até seu trabalho. Quase que uma cidadezinha-dormitório do Rio de Janeiro.
Originário da freguesia de Irajá, um espaço rural extenso que no século XVI resultaria em vários bairros – entre eles, além de Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Marechal Hermes e Madureira, e também Penha, Irajá e Campinho – Oswaldo Cruz surgiu da Fazenda do Portela, terras pertencentes ao português Miguel Gonçalves Portela, dono de um engenho de cana de açúcar denominado Engenho do Portela, localizado no Vale do Rio das Pedras. As terras do Portela ficavam vizinhas às propriedades de Lourenço Madureira, que posteriormente se transformaram no bairro Madureira. Em 1898 foi inaugurada a Estação de Rio das Pedras, a qual em 1904 passou a se chamar Oswaldo Cruz em homenagem feita pelo prefeito Pereira Passos ao grande sanitarista que exterminou a febre amarela no Rio de Janeiro.
Originalmente, os habitantes de Oswaldo Cruz eram negros vindos do Congo e de Angola, que com seus hábitos, costumes e culturas preparavam o terreno para o surgimento das Escolas de Samba.
A partir da década de 20, Oswaldo Cruz começou a receber também pessoas da classe média em busca de habitações mais baratas, entre elas as famílias de D. Ester Maria de Jesus, de Napoleão José do Nascimento e de Paulo Benjamin de Oliveira. Estas famílias formariam o núcleo que originou a Portela.
D. Ester Maria de Jesus, ou para outros, Ester Maria de Rodrigues, veio de Madureira com seu marido Euzébio Rocha. Eles saíam no Cordão Estrela Solitária, de baliza e porta-estandarte.
Ao chegarem a Oswaldo Cruz, fundaram o bloco Quem Fala de Nós Come Mosca, tendo posteriormente se mudado definitivamente para um casarão que ocupava um quarteirão e logo se transformaria numa casa de festas. As festas de D. Ester eram famosas e duravam dias. Vinha gente da cidade inteira, políticos, artistas e sambistas do Estácio, como Ismael Silva. A casa era uma espécie de casa da Tia Ciata, onde o samba corria solto nos fundos. D. Ester, por ter bom relacionamento com os políticos, tinha o seu bloco legalizado, com alvará e licença para não ser importunado pela polícia – que na época perseguia o samba. O Quem Fala de Nós Come Mosca só desfilava em Oswaldo Cruz durante o dia, e era quase que exclusivamente formado por crianças.
De um modo geral, os moradores de Oswaldo Cruz não tinham onde se divertir. Por isso era comum se reunirem na casa de amigos para dançar o jongo e o caxambu, ou participarem de cerimônias religiosas ligadas ao candomblé.
Quando Paulo Benjamin de Oliveira chegou a Oswaldo Cruz tinha 20 anos e trabalhava na fábrica de bilhar Lamas. Era lustrador. Costumava freqüentar as rodas de samba no Estácio e via seus amigos sambistas serem perseguidos pela polícia. Por isso defendia que se organizasse uma estratégia para combater essa injustiça, afinal de contas, eles não eram marginais conforme procuravam caracterizá-los e para se ligar às pessoas que gostavam de samba, fundou o bloco Ouro Sobre Azul quando chegou ao bairro. Em Oswaldo Cruz, em 1922, adultos ligados ao samba se reuniam num bloco carnavalesco chamado “Baianinhas de Oswaldo Cruz”, no qual desciam para se apresentarem na cidade, sendo que para tanto, pediam emprestada a licença do Come Mosca de D. Ester. Paulo se responsabilizava por tudo, por isso D. Ester emprestava a licença, entretanto, o pessoal de Oswaldo Cruz era brigão e quase sempre saía arruaça quando se encontrava com outras agremiações na cidade e quando D. Ester soube dos fatos, reclamou com Paulo, pois a fama que corria era que o Come Mosca era o responsável pelas arruaças, já que o nome “Baianinhas de Oswaldo Cruz” não aparecia, motivo pelo qual não quis mais emprestar a licença. Paulo reuniu então a rapaziada e decidiram extinguir o Baianinhas e fundar um outro bloco, o qual deveria ser realmente representativo de Oswaldo Cruz. Para ajudá-lo, procurou seu amigo Natalino, que era mais do futebol, sendo o principal jogador do clube chamado Portela, e pediu que ele conversasse com seu pai, Napoleão, para deixar que eles fundassem um novo bloco para tirar a má fama do Baianinhas. A razão do pedido era porque a turma do samba costumava se reunir ali, embaixo de uma mangueira, para tirar sambas. Natal foi falar com seu pai, que só fez uma exigência ao saber que Paulo, seu sobrinho por afeição, estava à frente da nova agremiação, a de que eles deixassem passar a quaresma, por respeito à religião e assim, numa quarta-feira, dia 11 de abril de 1923, depois do Domingo de Páscoa, foi fundado o bloco carnavalesco Conjunto de Oswaldo Cruz. Natal estava presente, mesmo dizendo que era mais de futebol do que de samba, a convite de Paulo que argumentava: “Samba e futebol são a mesma coisa”.
Na verdade, à época havia uma integração muito forte do samba com o futebol. O clube de futebol Portela ficava no mesmo lugar onde o pessoal do samba se reunia e o samba só começava depois dos jogos.
O Conjunto de Oswaldo Cruz foi fundado sob os conceitos de Paulo Benjamin de Oliveira: evitar os confrontos nas ruas. Os principais dirigentes estavam sempre impecavelmente vestidos, para adquirirem boa imagem junto ao público. Paulo, Caetano, Rufino e Álvaro Sales andavam de terno branco, sapato tipo carrapeta, gravata e chapéu de palha, além de trazerem nos dedos anéis de prata gravados a ouro com as iniciais AC, AR, PO e AS, simbolizando anéis de grau. Afinal, eles eram “formados” em samba.
Em 1926 foi organizada a primeira junta governativa com a seguinte constituição: Presidente, Paulo Benjamin de Oliveira; Secretário, Antônio da Silva Caetano e Tesoureiro, Antônio Rufino dos Santos. Inicialmente, o Conjunto de Oswaldo Cruz se reunia na casa de Paulo Benjamin de Oliveira, indo posteriormente para a Estrada do Portela, onde se instalaram numa dependência do armazém do Sr. Sérgio Hermogenes Alves, um português que gostava muito de samba e cedia o espaço a troco deles tocarem à frente de seu estabelecimento para chamar a freguesia.
Dias após a fundação do bloco, Paulo cuidou do batismo. Procurou D. Martinha, baiana ligada ao candomblé, e declarou padroeiros: Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião. D. Martinha foi escolhida a madrinha.
No final da década de 20, o grupo receberia um grande reforço de fora: Heitor dos Prazeres, amigo do presidente Paulo de Oliveira. Com um samba do próprio Heitor, o "Conjunto Carnavalesco de Oswaldo Cruz" se sagraria vencedor da primeira disputa entre os principais redutos de samba, ocorrida em janeiro de 1929, quando estiveram presentes sambistas de Oswaldo Cruz, Mangueira e Estácio. A vitória trouxe, além de uma grande felicidade, muitos problemas para o conjunto carnavalesco. Heitor dos Prazeres, considerado por alguns um "estrangeiro", ganhou mais prestígio dentro do grupo, tanto que por sugestão sua o bloco passou a se chamar "Quem nos faz é o capricho" e ganhou sua primeira bandeira, também idealizada por ele, já para o carnaval de 1929, uma vez se ele também dado à arte de desenhar, tendo mais tarde se transformado num consagrado pintor, desenhando um novo símbolo para a bandeira do bloco: um sol acoplado a uma meia-lua. Só que só tinha um lado, como se fosse um estandarte, e não uma bandeira de Escola de Samba. Apesar de Antônio Caetano não ter concordado, D. Diva, sua esposa, confeccionou a nova bandeira. Paulo deu toda cobertura a Heitor e todas as modificações feitas por ele tiveram total consentimento de Paulo, uma vez que, devido a sua crescente fama no centro da cidade, Heitor dos Prazeres ajudava a divulgar o nome da escola, mas Antônio Rufino e Manuel Bam Bam Bam se colocaram contra o domínio de Heitor dos Prazeres. Em 1930 a Escola desceu com o nome de Quem Nos Faz É O Capricho, e realizou algumas apresentações, mas não houve concurso. Após o Carnaval, Manuel Bam Bam Bam e Antônio Rufino, os principais adversários de Heitor dos Prazeres, retornaram à direção da Escola e mudaram seu nome para Vai Como Pode. Testemunhas contam que os dois estavam sentados à procura de um novo nome quando Manuel Bam Bam Bam exclamou: “Vai como pode”.
Após o afastamento de Heitor dos Prazeres o grupo desfilou pelas ruas do subúrbio e da Praça XI. Em 1931, a escola superou uma série de dificuldades para poder desfilar. Com o nome de Vai Quem Pode, a futura Portela começou a aparecer nas páginas dos poucos jornais que cobriam os primeiros desfiles de escolas de samba, fato este que faz com que, de todos os nomes anteriores da Portela, esse seja o mais lembrado.
No dia 1º de maio de 1934, ao receber os dirigentes da Vai Como Pode que pretendiam renovar a licença de funcionamento, o delegado Dulcídio Gonçalves fez uma proposta inesperada: a mudança do nome da escola. Alegou que não ficava bem uma grande escola de samba ostentar um nome tão chulo como Vai Como Pode. Paulo da Portela, embora nunca fosse chamado de Paulo da Vai Como Pode, tentou defender o antigo nome, segundo ele, sugerido pela própria polícia. O delegado, porém, sustentou que não renovaria a licença de nenhuma escola chamada Vai Como Pode, sugerindo um nome que, segundo ele, tinha a pompa adequada para uma escola de samba daquele nível: Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. Diante das circunstâncias, a proposta foi aceita e com o enredo “O Samba Dominando o Mundo”, a antiga “Vai como Pode”, agora Portela, entrou para a história como vencedora do primeiro desfile oficial do Rio, em 1935.
A Portela contribuiu de várias maneiras para o carnaval carioca neste período, tendo sido a primeira escola que usou alegoria e a introduzir a caixa-surda, o reco-reco, a comissão de frente uniformizada, o destaque e o apito da bateria. Com suas 21 conquistas, obtidas nos anos de 1935, 1939, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1951, 1953, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962, 1964, 1966, 1970, 1980 e1984, a escola é a maior detentora de títulos do carnaval carioca, tendo inspirado o surgimento de diversas novas escolas pelo Brasil, deixando desta forma, a marca da altaneira águia azul-e-branca em cada carnaval de nosso país.
Além da relevância para o carnaval, a Portela firmou-se como um dos grandes celeiros de grandes compositores do samba, comprovado por sua ativa e tradicional Velha Guarda.
Entre bambas portelenses ao longo de sua história, destacam-se além dos fundadores Paulo da Portela e Antônio Rufino, os sambistas Aniceto da Portela, Mijinha, Manacéa, Argemiro, Alberto Lonato, Chico Santana, Casquinha, Alcides Dias Lopes, Alvaiade, Colombo, Picolino, Candeia, Waldir 59, Zé Ketti, Wilson Moreira, Monarco, Noca da Portela, Paulinho da Viola, entre outros, sem deixar de mencionar de importantes instrumentistas, como Jair do Cavaquinho e Jorge do Violão
A Portela tem uma participação importante na vida cultural do Rio de Janeiro. Prova desse reconhecimento foi a escola ser agraciada, em 2001, com a Ordem do Mérito Cultural.
Deixamos assim registrado nossos Parabéns à Altaneira Majestade do Samba, Nossa Portela Querida!


Hino da Portela
(Chico Santana)

Portela, suas cores tem
Na bandeira do brasil
E no céu também
Avante portelense para a vitória
Não vê que o teu passado é cheio de glória
Eu tenho saudade
Desperta oh! grande mocidade
As suas cores são lindas
Seus valores não têm fim
Portela querida
És tudo na vida pra mim.

Portela na Avenida
(Paulo Cesar Pinheiro / Mauro Duarte)

Portela, eu nunca vi coisa mais bela
Quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida
Parece a maravilha de aquarela que surgiu
O manto azul da padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida
Que vai se arrastando e o povo na rua cantando
É feito uma reza, um ritual.
É a procissão do samba abençoando a festa do divino carnaval

Portela é a deusa do samba, o passado revela
E tem a velha guarda como sentinela
E é por isso que eu ouço essa voz que me chama
Portela sobre a tua bandeira, esse divino manto
Tua águia altaneira é o espírito santo no templo do samba.
As pastoras e os pastores vêm chegando da cidade, da favela,
Para defender as tuas cores como fiéis na santa missa da capela.

Salve o samba, salve a Santa, salve ela
Salve o manto azul e branco da Portela
Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval.

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A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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