“Meu coração não sei por que bate feliz quando te vê...” Bem, não bastassem todos os motivos que se queira encontrar, hoje é um dia muito especial para se relembrar essa linda canção, uma das mais importantes da música popular brasileira, que recebeu segundo se sabe, mais de cem gravações feitas por parte dos mais diferentes artistas brasileiros e estrangeiros, como Dalva de Oliveira, Isaura Garcia, Ângela Maria, Gilberto Alves, Elis Regina, João Bosco e outros.
O autor de tão lindos versos e que tão bem se casaram com a melodia da música feita por Pixinguinha comemoraria na data de hoje 105 anos de idade. Carlos Alberto Ferreira Braga, Braguinha ou João de Barro, como se autodenominou a fim de evitar constrangimentos com seus familiares, os quais não viam com bons olhos o ambiente da música popular da época, muito mal visto então.
Nasceu no dia 29 de março de 1.907, sendo o primeiro filho de um casal de classe média carioca, morou nos bairros da Gávea e de Botafogo, mas muito de sua boa e feliz infância se passou no bairro de Vila Isabel. Familiarizou-se com a música logo cedo, quando menino ainda, costumava cantar acompanhando sua avó ao piano, inciando sua trajetória como um dos compositores de maior expressão da nossa música popular ainda adolescente quando compôs sua primeira obra, isso no começo da década de 20.
Mesmo sem conhecimentos formais de música, pois não sabia tocar nenhum instrumento musical, compunha na base do assovio, uma característica sua e se transformou num campeão da folia, especializado em marchinhas carnavalescas, com sucessos como Linda Lourinha, Dama das Camélias, Cadê Mimi, Balancê, Andaluzia, Pirata da Perna de Pau, Chiquita Bacana, A Mulata É a Tal e Touradas em Madri, historicamente cantado por um Maracanã em festa na goleada do Brasil sobre a Espanha, na fatídica Copa de 1.950.
No ano de 1937, atendendo a um pedido da cantora Heloísa Helena, escreveu a letra para um choro-canção instrumental do mestre Pixinguinha, nascendo assim o hino Carinhoso, uma das canções mais gravadas e executadas do nosso repertório nacional.
Yes, Nós Temos Bananas, foi outro de seus grandes sucessos que foi posteriormente classificado como uma espécie de manifesto pré-tropicalista por ser uma resposta a um fox americano chamado Yes, We Have No Bananas. Lembrando esse título, aliás, em 1.986, ano da inauguração do Sambódromo da cidade do Rio de Janeiro, a Estação Primeira de Mangueira o homenageou desfilando com o enredo que intitulou “Yes, Nós Temos Braguinha”, tendo a escola se sagrado na ocasião, a primeira campeã da Marquês de Sapucaí.
Várias de suas canções foram feitas somente por sua pessoa, entretanto, verificando sua extensa lista de composições, onde se encontram inclusive versões e canções infantis, se nota o registro de diversas parceiras, como em “Samba da Boa Vontade”, composto com Noel Rosa, mas seus parceiros mais constantes foram Alberto Ribeiro, Alcyr Pires Vermelho, Antonio Almeida e Jota Júnior.
Braguinha se foi num domingo, véspera de natal, no ano de 2.006, mas deixou eterna sua colaboração para com a música brasileira, por meio de sua imensa galeria de composições, sendo um nome a ser sempre reverenciado na história musical brasileira, e, só relembrando o início do texto, acredito sinceramente, que toda vez que a gente sinta algo tentando devorar nosso coração, de um jeito carinhoso, através de sua canção, com certeza vamos ser felizes... Bem felizes!
Carinhoso
(Pixinguinha/Braguinha(João-de-Barro)
Meu coração, não sei por quê,
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo,
E pelas ruas vão te seguindo,
Mas mesmo assim foges de mim.
Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero.
E como é sincero o meu amor,
Eu sei que tu não fugirias mais de mim.
Vem, vem, vem, vem...
Vem sentir o calor dos lábios meus à procura dos teus.
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz...Bem feliz!
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