.png)
O momento de inauguração deste estilo de samba, descrito como menos rústico e mais sofisticado, credita-se quando da composição Aquarela do Brasil, do mineiro Ary Barroso, exaltando as qualidades e a grandiosidade do país. A primeira audição é a da diva Aracy Cortes.
Um segundo momento de relevância para a consolidação do samba-exaltação foi a inclusão da canção de Ary Barroso no filme de Walt Disney, Alô Amigos (Saludo Amigos), divulgando pela primeira vez nossos ritmos nacionais para o mundo. O sucesso alcançado fez com que os olhos do exterior se voltassem com mais atenção para a música brasileira. Caracterizado como composição "meta-regional", o ufanismo observado na composição exaltava a cultura do país e não um folclore ou tema específico, constituindo o primeiro momento de exportação da música popular sem precedentes na história, apresentando as cores, a aquarela do país ao resto do mundo.
Ary Barroso ao compor Aquarela do Brasil foi acusado de ter aceitado uma encomenda de Getúlio Vargas, devido a grande coincidência do conteúdo da música com o contexto vivido no momento, pois por essa época, o então Presidente do Brasil, havia criado o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda com a finalidade não só de fazer censura prévia, aos meios de comunicação, mas também com a intenção de elaborar e impor seu ideal, um projeto de construção de um país através do trabalho, sendo que até então o samba era visto como que voltado somente para a malandragem. Com isso, o Estado Novo (1937-1945) investiu pesado no uso da música como veículo de sua ideologia exaltando o trabalho, chegando a distribuir verbas a escolas de samba, com a condição de que trocassem temas que evocassem a malandragem por temas nacionalistas e patriotas incentivando ao trabalho. Os problemas sociais deveriam ficar escondidos e era proibido mencioná-los, surgindo assim os sambas exaltação.
Os sambas de exaltação foram, no período, sambas com melodias longas e letras que faziam apologia ao patriotismo, sempre abordando temas nacionalistas, cultivado por professores de teatro musicado, do rádio e depois do disco, marcando boa parte das músicas produzidas durante o Estado Novo. O destaque musical recaia sobre o arranjo orquestral que devia conter elementos eloquentes e grandiosos, dando força ao nacionalismo que se queria demonstrar, tentando mostrar um país de trabalho e grandeza, com uma imagem positiva e moderna.
No final desses anos, surgiria um estilo de samba de "caráter legalista", conhecido mais tarde como samba-exaltação ou também "samba da legalidade", um jeito de samba que se caracterizava por composições em exaltação ao trabalho, como na notória letra de "O Bonde São Januário", parceria de Ataulfo Alves com o "malandro consagrado" Wilson Batista, sucesso do carnaval de 1941. Apesar da atuação do Estado na cooptação de sambistas, havia compositores que tentavam driblar o poder censório ditatorial, com letras carregadas de sutilezas e ironias como em "Recenseamento", de Assis Valente, que embora pareça reproduzir o discurso de exaltação ao "Brasil grande e trabalhador", desmonta os argumentos oficiais.
Partindo desta linhagem, nas escolas de samba também se criaram sambas de exaltação, os quais em geral cantam, quase que prioritariamente, as virtudes da escola, como por exemplo "Um Rio que Passou na Minha Vida", de Paulinho da Viola, que exalta lindamente a Portela.
Nossa escola também possui seus sambas de exaltação, ainda não tão divulgados por nós como gostaríamos de já ter feito, mas são letras feitas com muito carinho por nossos poetas, seu quase que anonimato é um erro que, com o trabalho que está sendo feito por nossa Ala de Compositores, pretendemos corrigir. Para tanto hoje destacamos duas composições, de certo modo ainda não muito conhecidas por nossos integrantes, mas que com o decorrer da realização das nossas rodas de samba e apresentações da nossa Ala, na certa conquistarão seu espaço no coração da Família Azul e Rosa.
O AMOR DA MINHA VIDA
Impera novamente azul e rosa, tu és a sensação do carnaval.
A bateria faz bater meu coração, descompassado pela minha “Dragão”.
Ala de Compositores, Ratos e Magos, trabalham nesta escola.
Salve as Baianas e Velha-Guarda, que carregam toda nossa tradição.
Porta-Bandeira e Mestre-Sala carregam o manto azul e rosa,
A melodia canta em prosa e verso.
Harmonia, diretoria e o povão, formam a base dessa nação.
Realeza, Herdeiros e Família, todos juntos hoje cantam assim...
Valente mostra as garras no teu samba
E faz feliz a quem ti ama... És você Imperial!
De azul e rosa hoje eu vou para avenida,
Vou ver passar o amor da minha vida!
Autoria: Tiagão Professor (Negresco)
POR ELA
Por ela tanta coisa a gente faz, nem acredita do que é capaz.
Por ela bate forte o coração, se inflama nosso peito de emoção.
Por ela a nossa luta, a nossa lida e se esquece tanta coisa nessa vida.
Por ela o sangue corre em nossa veia na cadência mais perfeita
Por ela a gente faz de tudo... Família unida é o nosso mundo!
É ela, sim... Simplesmente a mais bela!
Que transforma a passarela com seu encanto natural.
É ela sim, a razão da minha vida,
Azul e Rosa tão querida... Eu te amo Imperial!
Autoria: L.C.Genardão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário