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3 de julho de 2012

Wilson Batista.

O dia de hoje marca a data de nascimento de um dos maiores compositores que o samba conheceu; o grande Wilson Batista.
Wilson Batista de Oliveira nasceu no dia 3 de julho de 1913 na cidade de Campos, Rio de Janeiro. Filho de João Batista de Oliveira, um humilde pintor de paredes, funcionário da guarda municipal de Campos, e Isaurinha Alves de Oliveira. Seu gosto pela música veio da convivência com o tio, Ovídio Batista, que tocava vários instrumentos e era maestro da banda "Lira de Apolo", em Campos.
Fez sua estréia como músico, batendo triângulo na banda do tio. Participou, ainda em sua cidade natal, do bloco "Corbeille de Flores", para o qual compôs várias músicas. Chegou a cursar o Instituto de Artes e Ofícios de Campos, buscando habilitar-se no ofício de marceneiro. Não teve oportunidade de adquirir muita instrução e assinava o nome com grande esforço. Quando era solicitado a escrever um bilhete, a situação ficava mais difícil, no entanto, era capaz de fazer um poema com grande facilidade.
Em 1929, mudou-se sozinho para o Rio de Janeiro tentar ganhar a vida como compositor indo morar por algum tempo com um tio que era gari. Tinha dificuldades de se adaptar a empregos. Chegou a trabalhar como acendedor de lampiões na Light, logo que chegou à capital do país, mas por pouco tempo. Seu sonho era vencer como compositor de sambas. Foi um boêmio inveterado. Logo que chegou ao Rio, ainda adolescente, passou a freqüentar o Mangue, zona da prostituição e os cabarés e cassinos do famoso bairro da Lapa. Foi ali que o jovem travou contato com a vida boêmia e musical da cidade. Gostava de se divertir, das mulhers e de ouvir música. Ao começo nunca foi de beber e nem era chegado ao jogo de azar. Descobriu, logo depois, a Praça Tiradentes, com seus teatros. Na década de 1930, um dos grandes mercados para compositores e músicos era o teatro musicado, de revista. Um dos pontos onde os profissionais de teatro se reuniam era a Leiteria Dom Pedro I e o Café Carlos Gomes, na Praça Tiradentes. Foi nesse local que conheceu muitos personagens da música popular daquele tempo: Roberto Martins, Nássara, Ataulfo Alves, Antônio Almeida, Geraldo Pereira, Jorge Faraj e tantos outros.
Começou a carreira, freqüentando os cabarés da Lapa, RJ, onde fez amizade com os irmãos Meira, malandros de má fama da época. Por causa dessa amizade, chegou a ser preso várias vezes. Logo depois, conseguiu ingressar no ambiente artístico, empregando-se como eletricista e ajudante de contra -regra no Teatro Recreio, na Praça Tiradentes. A casa vivia cheia, com as peças de Aracy Cortes e Margarida Max. Fez o primeiro samba aos 16 anos, "Na Estrada da Vida", que para sua alegria, foi cantado no Teatro Recreio pela própria estrêla Aracy Cortes, na época a cantora popular mais famosa da então capital da República.  Em 1932, teve sua primeira composição gravada, o samba "Por Favor Vai Embora", parceria com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva lançado por Patrício Teixeira. Em 1933, teve gravados os sambas "Desacato", com P. Vieira, registrado por Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas e que se tornou seu primeiro sucesso; "Eu Vivo Sem Destino", com Sílvio Caldas e Osvaldo Silva, lançado por Sílvio Caldas; "Na Estrada da Vida", gravado por Luiz Barbosa e a batucada "Barulho No Beco", lançada por Almirante. Nesse ano, Sílvio Caldas gravou o samba "Lenço No Pescoço", que iniciaria uma famosa polêmica musical travada com Noel Rosa. Com letra que fazia a apologia da malandragem, o samba traçava o retrato perfeito do malandro carioca daquele período: "Meu chapéu de lado/ Tamanco arrastando/ Lenço no pescoço/ Navalha no bolso/ Eu passo gingando/Provoco desafio/ Eu tenho orgulho de ser vadio/ Sei que eles falam desse meu proceder/ Eu vejo quem trabalha andar no miserê". Também nessa época, atuou como crooner de um conjunto de subúrbio, a Orquestra de Romeu de Malaguta. Nesse período, era um assíduo freqüentador da "Esquina do Pecado", reduto dos sambistas em início de carreira, uma espécie de Café Nice dos pobres. Ele era um sambista da vertente da malandragem, da vadiagem, da orgia, da gandaia. Os freqüentadores do Café Nice representavam o sambista respeitável, boêmio, mas, profissional. Pouco tempo depois, Noel Rosa escreveu o samba "Rapaz Folgado" como resposta à exaltação da malandragem feita em "Lenço No Pescoço". A polêmica teve continuidade com seu samba "Mocinho da Vila". Em 1934, Noel Rosa respondeu com o samba "Feitiço da Vila" que teve como resposta o samba "Conversa Fiada", respondido por Noel Rosa com o samba "Palpite Infeliz". Nesse ano, teve gravados os samba "Cadê a Fantasia", parceria com Valfrido Silva, por Almirante e "Está No Meu Caderno", com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva, por Mário Reis. No ano seguinte,o Bando da Lua gravou o samba "Raiando", com Murilo Caldas, que por sua vez, gravou na Columbia a marcha "Se Você Morrer", com Roberto Martins. Deu ainda seqüência à polêmica com Noel Rosa com mais dois sambas, "Frankenstein da Vila" e "Terra de Cego", que acabaram não recendo resposta. Apesar dessa polêmica, acabou ficando amigo de Noel Rosa.
Em 1936, com Erasmo Silva, que ele considerava um sósia seu, constituiu a dupla "Verde e Amarelo" que chegou a gravar dez disco em 78 rpm. Fizeram temporada de três meses em Buenos Aires, Argentina, junto com a orquestra "Os Almirantes Jonas". De volta ao Brasil, ficaram um ano na cidade de São Paulo, onde gravaram o primeiro disco, com as Irmãs Vidal, com as músicas "Adeus, Adeus", de Francisco Alves e Frazão e "Ela Não Voltou", dos mesmos autores e mais Aluísio Silva Araújo. Em São Paulo, trabalharam nas rádios Atlântica, de Santos e Record, da capital paulista. Fizeram temporada em Porto Alegre e Pelotas, retornando à São Paulo para trabalharem na Rádio Tupi. Também em 1936, seu samba "Não Durmo Em Paz", com Germano Augusto, foi gravado por Carmen Miranda.
Em 1937, gravou com Erasmo Silva o samba "Não Devemos Brigar". Em 1938, atuando com Erasmo Silva em São Paulo, recebeu uma carta de Sílvio Caldas avisando que a Rádio Mayrink Veiga tinha interesse em contratá-los. Voltaram ao Rio de Janeiro e passaram a atuar naquela rádio com sucesso. Mas ele não pretendia fazer carreira como cantor. Queria mesmo era firmar-se como compositor. Erasmo Silva, percebendo que o parceiro não tinha o mesmo objetivo que ele, decidiu voltar à Argentina, desfazendo a dupla "Verde e Amarelo", que o famoso locutor da rádio, César Ladeira anunciava como tendo "cores diferentes, vozes iguais!". No mesmo ano seguinte, seu samba "O Teu Riso Tem", parceria com Roberto Martins foi lançado por Sílvio Caldas. Conheceu seu primeiro grande sucesso na voz de Moreira da Silva com o samba "Acertei no Milhar", parceria com Geraldo Pereira. Nesse ano, Cinara Rios gravou o samba "Artigo Nacional", com Germano Augusto e Aracy de Almeida gravou "Brigamos Outra Vez" e Odete Amaral "Chinelo Velho", sambas feitos em parceria com Marino Pinto. Também no mesmo ano, teve gravado a marcha "Cowboy do Amor", com Roberto Martins, pelos Anjos do Inferno e "Carta Verde", samba com W. Silva e A . Lima, gravado por Zilá Fonseca. Nessa época, tinha um "relações públicas", talvez o primeiro a surgir em nossa música popular, o amigo português Germano Augusto, que se tornou parceiro seu parceiro em 14 músicas. Germano era mestre em "descobrir" músicas entre marinheiros freqüentadores da zona do baixo meretrício. Através de Germano, conheceu o bicheiro China, para quem vendeu várias músicas. Quando estava sem dinheiro, sempre procurava China e oferecia: "Quer um sambinha barato, Major?". Ainda em 1939, compôs com Ataulfo Alves o samba "Oh! Seu Oscar" gravado por Cyro Monteiro que venceu o concurso de músicas para o carnaval, promovido pelo DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, do governo Vargas.
Por volta de 1940, sua temática mudou, por conta de suas novas parcerias, e, principalmente, pela influência de uma portaria do governo que proibia a exaltação da malandragem. Nessa época, elegeu Cyro Monteiro e Aracy de Almeida como seus dois intérpretes favoritos. Com Cyro Monteiro obteve grande sucesso em 1940 com o samba "O Bonde de São Januário", parceria com Ataulfo Alves, que tinha uma letra de exaltação ao trabalho e que foi muito cantado no carnaval seguinte, seja com a letra original, seja com a alteração promovida pela população que em lugar de cantar "O bonde São Januário/Vai levar mais um operário/Sou eu que vou trabalhar", passou a cantar: "O bonde São Januário vai levar mais um otário/Pra ver o Vasco apanhar". Teve mais um samba lançado por Aracy de Almeida em 1941, "Eu Não Sou Daqui", parceria com Ataulfo Alves. Nesse ano, fez com Moreira da Silva o samba "Esta Noite Eu Tive Um Sonho", gravado por Moreira da Silva e com Haroldo Lobo a marcha "Essa Vida Não é Sopa", gravada por Patrício Teixeira. Também no mesmo ano, Vassourinha gravou com grande sucesso o samba "Emilia".
Em 1942, teve outra parceria com Ataulfo Alves gravada, o samba "Faz Um Homem Enlouquecer", lançado por Cyro Monteiro. Nesse ano, Carlos Galhardo gravou o samba "Largo da Lapa", com Marino Pinto; Sílvio Caldas o samba "Meus Vinte Anos", parceria dos dois e Déo gravou os sambas "No Mundo da Lua", com Zé da Zilda e "A Outra Santa", com Jorge de Castro. No ano seguinte, obteve novo grande sucesso com o samba "Louco (Ela é o Seu Mundo), parceria com Henrique de Almeida gravado por Orlando Silva. Também em 1943, teve gravados os sambas "Gosto Mais do Salgueiro", parceria com Germano Augusto, por Aracy de Almeida; "Fala Baiano", com Roberto Martins, lançado pelos Anjos do Inferno e "Botões de Laranjeira", com Jorge de Castro gravado por Orlando Silva.
Em 1944, Carlos Galhardo gravou o samba "Deus No Céu e Ela Na Terra", parceria com Marino Pinto. Também nesse ano, o samba "Como Se Faz Uma Cuíca" foi gravado pelos Anjos do Inferno e a marcha "O Mundo Às Avessas" e o samba "Não Tenho Juízo", as duas com Haroldo Lobo, por Aracy de Almeida. Em 1945, Linda Batista gravou a marcha "No Boteco do José", parceria com Augusto Garcez, que fazia uma brincadeira com a torcida do Vasco da Gama e que foi grande sucesso do carnaval do ano seguinte.
Teve gravado em 1946, por Aracy de Almeida, o samba "Memórias de Torcedor", parceria com Geraldo Gomes. A mesma Aracy de Almeida regravou com sucesso nesse ano o samba "Louco (Ela é o Seu Mundo)"; Carlos Galhardo lançou o samba "Comício em Mangueira", com Germano Augusto e Orlando Silva gravou o samba "Gostei de Você", com Arlindo Marques Junior. Três anos depois, conheceu grande sucesso carnavalesco com a marcha "Pedreiro Valdemar", parceria com Roberto Martins e gravada por Blecaute em novembro do ano anterior. Em novembro de 1949, Jorge Goulart gravou a marcha "Balzaquiana", cujo título se reporta ao escritor francês Honoré de Balzac, parceria com Nássara e grande sucesso no carnaval do ano seguinte. Ainda em 1949, fez sucesso com o samba "Chico Brito", com Afonso Teixeira gravado por Dircinha Batista. Este samba, aliás, foi o primeiro a fazer referência à maconha na MPB. Em 1950, Dircinha Batista gravou a marcha "Pindamonhangaba", com Pedro Caetano. No ano seguinte, a marcha "Pombinha Branca", com Nássara foi gravada por Gilberto Milfont e o grupo Anjos do Inferno gravou o samba "Olhos Vermelhos", com Roberto Martins. Ainda nesse ano, conheceu novo sucesso como samba "Mundo de Zinco", parceria com Nássara e gravado por Jorge Goulart. Em 1952, Nelson Gonçalves lançou a marcha "Minha Linda Hindu", parceria com Nássara e os Quatro Azes e Um Coringa lançaram o samba "Garota Dos Discos", com Afonso Teixeira. A marcha "Um Brasileiro em Paris", com Jorge de Castro e o samba "Sistema Nervoso", com Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti foram gravadas por Orlando Correia em 1953, mesmo ano em que Emilinha Borba gravou o "Baião de São Pedro", com Alberto Rego e Nelson Gonçalves o samba "Datilógrafa", com Jorge Faraj. Roberto Silva gravou em 1955 na Copacabana o samba "Vedete", com Jorge de Castro. Nesse ano, teve mais uma de suas composições de temática sobre o futebol, gravada, o "Samba Rubro-Negro", com Jorge de Castro lançado por Roberto Silva. No ano seguinte com Jorge de Castro e Nássara fez o samba "Vou Para Goiás" gravado por Nelson Gonçalves. Ainda em 1956, as músicas de sua polêmica com Noel Rosa foram reunidas no LP "Polêmica", interpretadas por Roberto Paiva e Francisco Egídio. Em 1957, teve gravados o samba "Vagabundo", com Jorge de Castro, por Roberto Silva; "Taberna", com Cícero Nunes, por Roberto Luna e "Sempre Mangueira", com Jorde de Castro e Nássara, por Jorge Goulart A marcha "Uma Vaca Vitória", com Jorge Murad, foi gravada por Jorge Veiga. Em 1958, Gilberto Alves gravou a marcha "Velhice Transviada" e Jorge Goulart o samba "O Último Samba", parcerias com Jorge de Castro. Nesse ano, o samba "Rei do Futebol", com Jorge de Castro foi gravado por Roberto Silva. No ano seguinte, homenageou o jogador Garrincha, do Botafogo do Rio com a marcha "Mané Garrincha" gravada pela vedete Angelita Martinez.
Em 1961, fez com Jorge de Castro, o principal parceiro da fase final de sua carreira, o samba "A Última Mulher" gravado por João Dias e com Jorge de Castro e Luiz Vanderley o chachacha "Rei Pelé", homenagem ao jogador de futebol Pelé, gravado por Luiz Vanderley. Dois anos depois a vedete Anilza Leoni gravou a marcha "Terezinha", com J. Batista. Em 1968, foi convidado a participar da Bienal do samba em São Paulo, criada pela TV Record, mas sua música acabou chegando atrasada e não foi incluída no Festival. Por solicitação do crítico R. C. Albin, contudo, ele foi homenageado na finalíssima do evento com um pot-pourri dos seus maiores sucessos. Esta seria a última homenagem pública que lhe foi prestada enquanto ainda vivia.
Era um contumaz vendedor de sambas e não tocava nenhum instrumento, embora fosse afinado, a não ser sua caixinha-de-fósforos. Foi casado e tornou-se pai de dois filhos, embora a vida boêmia o levasse a ficar até três dias sem aparecer em casa, para desespero da esposa. Foi morador da Ilha de Paquetá e costumava chamar a todos de "Major", fazendo o pedido de costume: "Tem um dinheirinho aí pro Cabo Wilson? ". Viveu em meio à boemia, até o coração adoecer. Apesar da fama e do sucesso alcançado ao longo de sua carreira, morreu pobre. No fim da vida, quando encontrava um velho companheiro fazia o pedido de sempre: "Posso apanhar um dinheirinho com você, Major?". Faleceu no Hospital Sousa Aguiar, no Centro do Rio de janeiro, no dia 7 de julho de 1968, quatro dias depois de completar 55 anos. Os amigos liderados por Ricardo Cravo Albin se cotizaram para levar o corpo para a Capela Santa Terezinha, ao lado do Hospital e em frente à Praça da República. No dia seguinte levaram o corpo para o cemitério do Catumbi e o sepultaram somente quando o sol se pôs. Dias antes, o Museu da Imagem e do Som tentara gravar seu depoimento. Doente, ele resistia à idéia do depoimento, quase implorando a Ricardo Cravo Albin, então diretor do MIS: "Ricardo, você não vê que não tenho voz para contar tudo o que eu quero...". Ainda assim, deixou gravado o último samba, sem nome, só assobiado e com o ritmo simples e sincopado de sua caixinha-de-fósforos, além de uma então música inédita homenageando Nelson Cavaquinho.
Em 1977, teve os sambas "O Bonde São Januário", "Oh! Seu Oscar", "Mundo de Zinco" e "Louco" regravadas pelo grupo vocal MPB-4 no LP "Antologias Volume 2". Em 1979, Paulinho da Viola regravou o samba "Chico Brito". Em 1985, foi publicado pela Funarte o livro "Wilson Batista e Sua Época", de Breno Ferreira Gomes.
Em 1995, Cristina Buarque regravou "Memórias de Torcedor" no CD "Estácio e Flamengo 100 Anos de Samba e Amor". Em 1997, a editora Globo, na série "MPB - Compositores" lançou um fascículo e um Cd dedicados a sua obra. Nesse CD estão presentes 12 composições suas, entre as quais, "Sistema Nervoso", que havia sido gravado por Simone em seu segundo LP, interpretado por Paulinho Boca de cantor, "Flor da Lapa", por Cristina Buarque, "Meu Mundo é Hoje", por Eliete Negreiros e "Samba Rubro-Negro", por Carlinhos Vergueiro. Em 2011, foi lançada a caixa "100 Anos de Música Popular Brasileira" onde estão incluídos seus sambas "Oh, Seu Oscar" e "O Bonde de São Januário", ambos com Ataulfo Alves, na interpretação de Gilberto Milfont e As Gatas.

Lenço No Pescoço
(Wilson Batista)

Meu chapéu do lado, tamanco arrastando
Lenço no pescoço, navalha no bolso
Eu passo gingando, provoco e desafio
Eu tenho orgulho em ser tão vadio.

Sei que eles falam deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha andar no miserê
Eu sou vadio porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança, tirava samba-canção
Comigo não, eu quero ver quem tem razão.

Chico Brito
(Wilson Batista / Afonso Teixeira)

Lá vem o Chico Brito,
Descendo o morro nas mãos do Peçanha,
É mais um processo! É mais uma façanha!
Chico Brito fez do baralho seu melhor esporte,
É valente no morro, dizem que fuma uma erva do norte.

Quando menino teve na escola, era aplicado, tinha religião,
Quando jogava bola era escolhido para capitão,
Mas, a vida tem os seus revezes,
Diz sempre Chico defendendo teses,
Se o homem nasceu bom, e bom não se conservou,
A culpa é da sociedade que o transformou.

O Bonde de São Januário
(Wilson Batista / Ataulfo Alves)

Quem trabalha é quem tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar

O Bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo
Mas hoje eu penso melhor no futuro
Graças a Deus, sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
Passe bem!

Oh! Seu Oscar
(Wilson Batista / Ataulfo Alves)

Cheguei cansado do trabalho,
Logo a vizinha me falou:
- Oh! seu Oscar, tá fazendo meia hora
Que sua mulher foi-se embora e um bilhete lhe deixou
Mas que horror, o bilhete assim dizia:
"Não posso mais, eu quero é viver na orgia"

Fiz tudo para ter seu bem-estar
Até no cais do porto eu fui parar
Martirizando o meu corpo noite e dia
Mas tudo em vão, ela é, é da orgia!
É... parei!

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A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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