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4 de julho de 2012

Anescarzinho do Salgueiro.

O dia de hoje marca a data de aniversário do ótimoxcelente compositor Anescarzinho do Salgueiro.
Anescar Pereira Filho, nasceu no dia 4 de julho de 1929 na cidade do Rio de Janeiro. Compositor, cantor e instrumentista nascido no bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro, mudou-se, ainda pequeno, para um barraco feito pelo pai na Floresta da Tijuca, na parte onde seria mais tarde o Morro do Salgueiro.
Sobre o morro, disse Anescarzinho certa vez: "Isso aqui se chamava Morro dos Trapicheiros, pois existia um trapiche (armazém) embaixo. O proprietário da maior parte dessa área era José Salgueiro, freguês da barraca de sorvete e peixe do meu pai. Foi ele que sugeriu o nome do atual morro". Seu pai foi um dos pioneiros do samba no Morro do Salgueiro, fazendo da sua casa ponto de encontro de sambistas. Cursou apenas o primário e foi funcionário de uma fábrica de tecidos.
Em 1949, compôs o seu primeiro samba-enredo, "Maravilhas do Brasil", para a Escola Unidos do Salgueiro, após um pedido do então Diretor da Escola, Manuel Macaco. Nesse ano a escola obteve o quinto lugar. No ano seguinte compôs com o então Diretor de Harmonia da escola, Noel Rosa de Oliveira, o samba-enredo "Mártires da Independência", que conquistou o sexto lugar no desfile daquele ano.
Em 1953, com a fusão das escolas Depois Eu Digo, Azul e Branco e Unidos do Salgueiro, integrou a Ala dos Compositores do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro. Compôs com Noel Rosa de Oliveira e Walter Moreira, em 1960, o samba-enredo "Quilombo dos Palmares", com o qual a escola obteve o primeiro lugar do Grupo 1 no desfile daquele ano. Por essa época, já se tornara famoso devido ao samba de quadra "Água de Rio" (Só Resta Saudade), composto em parceria com Noel Rosa de Oliveira, com quem também dividiria, em 1962, a autoria da música "Descobrimento do Brasil". No ano seguinte, com Fernando Pamplona como carnavalesco, foi um dos responsáveis pela inovação que o Salgueiro promoveu em relação à escolha dos enredos, que se limitavam a mostrar episódios oficiais da História do Brasil. O Salgueiro apresentou naquele ano o enredo "Chica da Silva", com samba-enredo de Anescarzinho e Noel Rosa de Oliveira, abordando heróis do povo, assim como aconteceria mais tarde com Chico-Rei e Zumbi.
Ao lado de Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Araci Cortes e Nelson Sargento participou, em 1965, do musical "Rosa de Ouro", montado e dirigido pelos produtores Hermínio Bello de Carvalho e Kleber Santos, que lançou a cantora Clementina de Jesus. Do show, foram editados dois LPs: "Rosa de Ouro" e "Rosa de Ouro Volume II", em 1965 e 1967, respectivamente. Neste mesmo ano de 1965, Zé Kéti, organizou com alguns integrantes do musical "Rosa de Ouro" o conjunto A Voz do Morro, integrado por Anescarzinho, Jair do Cavaquinho, Oscar Bigode, Paulinho da Viola, Zé Cruz e Zé Kéti. Ainda neste ano, o grupo gravou o primeiro LP, "Roda de Samba". Ainda em 1965, Elizete Cardoso no LP "Elizete Sobe O Morro", interpretou de sua autoria "Água de Rio", parceria com Noel Rosa de Oliveira. No ano seguinte, em 1966, foi lançado o LP "Roda de Samba Volume II", que contou com a participação de um novo integrante, Nelson Sargento.
Em 1967 o conjunto A Voz do Morro lançou o terceiro e último disco, "Os Sambistas". Neste mesmo ano passou a integrar o grupo Os Cinco Crioulos, com Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Nelson Sargento, que gravou o seu primeiro LP, "Samba... No Duro" e, no ano posterior, em 1968, ainda com a formação original, lançou o segundo LP, "O Samba... No Duro - Volume II".
Participou da "1ª Bienal do Samba", da TV Record, sendo sua composição "Dona Beja" (c/ Ivan Salvador e Noel Rosa de Oliveira), defendida por Jorge Goulart. Neste mesmo ano, integrando o conjunto Rosa de Ouro, participou do show "Mudando de Conversa" (c/ Clementina de Jesus, Cyro Monteiro e Nora Ney), para o qual foi produzido o disco homônimo.
Em 1969, com a substituição de Paulinho da Viola por Mauro Duarte, o grupo Os Cinco Crioulos lançou pela mesma gravadora seu terceiro e último LP, "Samba... No Duro - Volume III".
Em 1971 o grupo Os Cinco Só gravou de sua autoria "O Rei Mandou" e "Ê Bahia", ambas em parceria com Ivan Salvador. Ainda na década de 1970, a dupla João Bosco e Aldir Blanc compôs o samba "Siri Recheado É O Cacete" em sua homenagem.
Em 1977 foi lançado o disco "Elizete Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro - Fragmentos Inéditos do Histórico Recital Realizado No Teatro João Caetano em 19 de Fevereiro de 1968". Neste LP foi incluída sua composição "Água de Rio" (c/ Noel Rosa de Oliveira).
Em 1992, o escritor e compositor Nei Lopes enfatizou a sua importância no cenário musical brasileiro em seu livro "O Negro no Rio de Janeiro e sua Tradição Musical".
Anescarzinho faleceu no dia 22 de fevereiro de 2000 no Rio de Janeiro, vítima de um enfarto, pouco antes do carnaval, sendo sepultado no Cemitério do Caju.
Seu último parceiro foi o poeta Célio Khouri, com quem compôs 11 sambas (alguns ainda inéditos), entre eles "Amor Flutuante", gravado na coletânea "Conexão Carioca Volume 2", produzida por Euclides Amaral e lançada no ano 2000. No disco, que contou com a apresentação de Ricardo Cravo Albin, Célio Khouri interpretou sozinho o samba, pois Anescarzinho do Salgueiro falecera poucos meses antes da gravação, da qual queria participar ao lado do parceiro. Neste mesmo ano de 2000 foi lançado o CD "A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes - Paulinho da Viola e os Quatro Crioulos", CD no qual foram reunidos os integrantes do grupo Os Cinco Crioulos em show gravado em julho de 1990 no programa "Ensaio", quando na época, o programa teve como convidado Paulinho da Viola, que para sua surpresa, foram também convidados os outros integrantes (Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros e Nelson Sargento), em uma homenagem aos 25 anos do antológico show "Rosa de Ouro". O disco foi gravado ao vivo, com conversas e ainda execução de composições da época, entre elas "Quatro Crioulos" (Joacyr Santana e Elton Medeiros), "Água de Rio" (Anescarzinho e Noel Rosa de Oliveira), "O Sol Nascerá" (Cartola e Elton Medeiros), "No Meu Barraco de Zinco" (Jair do Cavaquinho e Jamelão), "Agoniza Mas Não Morre" (Nelson Sargento), "Cântico À Natureza" (Alfredo Português, Jamelão e Nelson Sargento), "Pecadora" (Jair do Cavaquinho e Joãozinho da Pecadora) e "Rosa de Ouro", de Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho.
No ano de 2002, Eliane Faria (sua sobrinha - filha de Paulinho da Viola) interpretou "Amor Poente" (c/ Célio Khouri) no disco "Conexão Carioca 3", produzido por Euclides Amaral e apresentado pelo poeta e letrista Sergio Natureza. Neste mesmo ano, foi lançado o livro "Velhas Histórias, Memórias Futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz várias referências ao cantor e compositor.
Em 2003, o disco "Conexão Carioca 3 Bônus" foi relançado, sendo incluídas quatro faixas-bônus, entre as quais duas nova gravação de "Amor Flutuante", interpretada por seu parceiro Célio Khouri e ainda, "Amor Poente", interpretada por Eliane Faria.



Água do Rio
(Anescarzinho do Salgueiro / Noel Rosa de Oliveira)

Tudo ficou diferente depois que você me deixou
Dos nossos beijos ardentes, hoje resta o amargo sabor
Até a água do rio que a sua pele banhou
Também secou com a saudade que a sua ausência deixou
A Lua não dá mais brilho, o Sol não tem mais calor
No pomar não dá mais frutos, no jardim não tem mais flores
Naquela noite tão linda que nos inspirava o amor
Hoje só resta saudade muito sofrimento e dor

Xica da Silva
(Anescarzinho do Salgueiro / Noel Rosa de Oliveira)

Apesar de não possuir grande beleza
Xica da Silva surgiu no seio da mais alta nobreza.
O contratador, João Fernandes de Oliveira,
A comprou para ser a sua companheira.
E a mulata que era escrava sentiu forte transformação,
Trocando o gemido da senzala pela fidalguia do salão.
Com a influência e o poder do seu amor,
Que superou a barreira da cor,
Francisca da Silva, do cativeiro zombou ôôôôô (ôôô, ôô, ôô)
No Arraial do Tijuco, lá no Estado de Minas,
Hoje lendária cidade, seu lindo nome é Diamantina,
Onde nasceu a Xica que manda, deslumbrando a sociedade,
Com o orgulho e o capricho da mulata,
Importante, majestosa e invejada.
Para que a vida lhe tornasse mais bela,
João Fernandes de Oliveira mandou construir
Um vasto lago e uma belíssima galera
E uma riquíssima liteira para conduzi-la
Quando ela ia assistir à missa na capela.

(Anescarzinho do Salgueiro / Noel Rosa de Oliveira / Walter Moreira)

No tempo em que o Brasil ainda era um simples país colonial,
Pernambuco foi palco da história que apresentamos neste carnaval.
Com a invasão dos holandeses, os escravos fugiram da opressão
E do julgo dos portugueses.
Esses revoltosos, ansiosos pela liberdade
Nos arraiais dos Palmares buscavam a tranqüilidade.
Ô-ô-ô-ô-ô-ô... Ô-ô, ô-ô, ô-ô.
Surgiu nessa história um protetor, Zumbi, o divino imperador,
Resistiu com seus guerreiros em sua tróia,
Muitos anos, ao furor dos opressores, ao qual os negros refugiados
Rendiam respeito e louvor.
Quarenta e oito anos depois de luta e glória,
Terminou o conflito dos Palmares,
E lá no alto da serra, contemplando a sua terra,
Viu em chamas a sua tróia e num lance impressionante
Zumbi no seu orgulho se precipitou lá do alto da Serra do Gigante.
Meu maracatu é da coroa imperial.
É de Pernambuco, ele é da casa real.
Quilombo dos Palmares

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Bragança Paulista, SP
A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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