Noel Rosa, o Poeta da Vila, é conhecidamente um dos mais importantes compositores que o Brasil já teve. Diversas são suas obras, muitas das quais alcançaram enorme sucesso, sendo até hoje lembradas e executadas, como também diversas foram suas parcerias, sendo que a mais constante delas se deu com Vadico, contudo, também compuseram com Noel nomes como Ismael Silva, Lamartine Babo, Wilson Batista, Almirante, Heitor dos Prazeres e outros tantos que não tiveram a mesma repercussão, mas que tem sua importância na composição de toda sua obra, como é o caso de André Filho, nome que hoje lembramos, o qual foi parceiro do Poeta no samba Filosofia.
André Filho (Antônio André de Sá Filho) nasceu no dia 21/3/1906 na cidade do Rio de Janeiro e tendo ficado órfão muito cedo, foi criado pela avó. Começou a estudar música erudita aos oito anos e anos depois, vários instrumentos como violão, violino, piano e bandolim, dedicando-se, então, à música popular. Formou-se em Ciências e Letras no Colégio Salesiano de Niterói, RJ, onde foi colega de Almirante. Na década de 1940, esteve internado com problemas psíquicos, que, somados a alguns outros, acabaram por fazê-lo abandonar a vida artística. É autor de muitos sucessos, entre os quais a marcha "Cidade Maravilhosa" que se tornou o hino da cidade do Rio de Janeiro e que o transformou em figura histórica da cidade, sendo sempre reconhecido como o autor da marchinha mais famosa dos cariocas, já que esta faz parte da tradição dos bailes carnavalescos. Quando os foliões escutam os primeiros acordes de sua introdução, é porque o baile está chegando ao fim.
Sua carreira artística se iniciou em rádios onde foi arranjador, compositor de "jingles" e locutor. Sua primeira composição foi gravada em 1929. Carmen Miranda e Sílvio Caldas são exemplos de cantores que interpretaram suas obras, sendo que “Filosofia”, sua parceria com Noel, foi gravada em 1933 por Mário Reis.
O lançamento da famosa marcha "Cidade Maravilhosa" curiosamente se deu sem grande sucesso, tendo sido depois inscrita num Concurso de Carnaval da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, obtendo na oportunidade, para indignação do autor, a 2ª colocação. Em 1974, Chico Buarque resgatou "Filosofia", regravando-a em seu álbum "Sinal Fechado", dedicado a outros autores por causa da censura imposta à sua produção. O samba foi um grande sucesso na época e uma maneira inteligente de dar um recado ao regime militar e voltaria a ser ouvido na voz de Mário Reis, ainda na década de 1970 e, posteriormente, incluído no filme "Brás Cubas", adaptação do cinema nacional para o clássico de Machado de Assis "Memórias Póstumas de Brás Cubas". No filme, "Filosofia" é o tema do personagem Quincas Borba.
(Reparem nas legendas em espanhol, o que mostra um pouco do alcance da música de Noel Rosa e André Filho)
Devido a várias crises pessoais, inclusive o fim prematuro de seu casamento, o que lhe teria provocado graves crises psíquico-nervosas, afastou-se completa e prematuramente da vida artística, passando a orar com a mãe que o abrigou, cercando-o de carinho e cuidados, o que obscureceu a avaliação de sua obra, fazendo com seu trabalho fosse lembrado basicamente apenas pela marcha "Cidade Maravilhosa". Em 2006, seu acervo passou a pertencer ao Instituto Moreira Sales que o homenageou por ocasião do centenário de seu nascimento com uma exposição de partituras, documentos e fotografias.
(Fonte de pesquisa Dicionário Cravo Albin da MPB)
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