Menino de quarenta e sete, de ti ninguém se esquece... Relembrar a letra desse lindo samba me faz acreditar que hoje seja mesmo um desses dias em que muita gente deve ter acordado com um sorriso aberto no rosto, um sorriso alegre, sincero e feliz, daquele tipo de sorriso que brota sem que se dê conta ou sem entender bem porque, mas que, lá, bem dentro do coração desses que são apaixonados pelo samba, se acha o real motivo, o qual se revela com aquele ar leve e brejeiro, talvez originário lá dos lados de Madureira no Rio de Janeiro, herdeiro de um prazer que ainda existe com a mesma poesia e encantamento de sempre no Morro da Serrinha. Motivo que ganha esse toque todo especial no dia de hoje por marcar a data de fundação de uma das mais tradicionais e queridas escolas de samba da acidade do Rio de Janeiro, a Império Serrano. Império do grande mestre Silas de Oliveira, de Mano Décio da Viola, de Anicéto, de Mestre Fuleiro, de Dona Ivone Lara, de Roberto Ribeiro, de Beto Sem Braço, de Aluízio Machado, de Arlindo Cruz e de outros tantos expoentes do samba carioca.
Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, de tão linda história, a qual, como é exaltado por seus integrantes, sempre esteve ligada ao desejo de justiça, democracia e participação, desde a sua fundação, em 23 de março de 1.947, dissidente da antiga Prazer da Serrinha, quando Mano Décio, Silas de Oliveira, Sebastião de Oliveira (Molequinho), Oscarino Luiz dos Santos, entre outros, se reunindo na casa de Dona Eulália do Nascimento, acabaram por fundar a agremiação, tendo sido um compositor chamado Antenor, quem sugeriu o verde e o branco para as cores da bandeira dessa cuja trajetória é coroada com belíssimos sambas, verdadeiros clássicos do samba enredo como Aquarela Brasileira (1964) e (2004), Exaltação a Tiradentes (1949), Os Cinco Bailes da História do Rio (1965), Heróis da Liberdade (1969), Bumbum paticumbum Prugurundum (1982), entre outros. Por falar em sambas, não me canso de me admirar e me encantar com a história do ocorrido com as composições da escolha do samba-enredo de 1975 quando o Império escolheu o enredo "Zaquia Jorge, Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira". Tendo a disputa interna sido vencida pelo compositor Avarese, o samba que ficou em segundo lugar, composto por Acyr Pimentel e Cardoso, acabou sendo gravado por Roberto Ribeiro sob o título de "Estrela de Madureira" e acabou se tornando um clássico do samba, e também uma espécie de hino da escola, tornando-se muito mais famoso que o samba vencedor daquele ano. Sempre achei a melodia e a letra desse samba fascinante, algo do tipo que todo compositor sonha em escrever para sua escola de coração e ao tomar conhecimento desse fato, me apaixonei ainda mais, pois para mim ela carrega em si a prova de que o reconhecimento e recompensa que todos merecemos se revelam no seu devido tempo e às vezes com uma maior intensidade.
Falar da Império Serrano é muito prazeroso, sua importância na história do samba carioca é inegável, sua Ala de Compositores é respeitadissima e sua Velha Guarda tão querida quanto as demais. Ouvir a sua bateria, chamada de "A Sinfônica do Samba" e cuja característica principal é o toque de seus agogôs, é certeza de encantamento e alegria, enfim, são tantos atributos e adejtivos que a escola não poderia se utilizar de outro “slogan”, digamos assim, que não este : “Império Serrano, uma “Escola” de Samba” .
Em nosso parabéns para a Grande Império Serrano, saudamos a querida escola de Madureira em seus 65 anos de existência, lutas, conquistas e muito SAMBA, deixando aqui os versos do samba cujo início deu começo a este texto, “Menino de 47”, composto pelos compositores imperianos Nilton Campolino e Molequinho.
Menino de quarenta e sete / De ti ninguém esquece / Serrinha, Congonha, Tamarineira / Nasceu o Império Serrano / O reizinho de Madureira / Só se falava da Portela / Da Estação Primeira de Mangueira / Seu padrinho São Jorge, Santo Guerreiro / E lhe deu prestígio e glória / Pra sambar o ano inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário