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23 de abril de 2012

Geraldo Pereira

"Salve, São Jorge!...Que São Jorge Guerreiro proteja e defenda sempre a nós todos! "

Bem minha gente, o dia de hoje marca não somente por ser o dia desse querido padroeiro, mas também por ser a data de nascimento de um grande compositor de samba, considerado por muitos como o inventor do samba sincopado, estilo que faria por germinar a semente que floriu na bossa nova.
Geraldo Theodoro Pereira ou simplesmente Geraldo Pereira, nascido em Juiz de Fora, MG no dia 23 de abril de 1918, foi cantor além de excelente compositor. Em 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro para morar com o irmão mais velho, Manoel Araújo, conhecido como Mané-Mané e que morava no Santo Antônio, Morro de Mangueira. Passou a trabalhar como ajudante do irmão no balcão de uma tendinha mantida por ele no Buraco Quente, localidade do Morro da Mangueira. Em 1931, passou a estudar no bairro de Vila Isabel e por essa época, conheceu Buci Moreira, Padeirinho e Fernando Pimenta, que tinham idade semelhante a sua e que se tornariam futuros sambistas. Pouco tempo depois, deixou de trabalhar na tendinha o irmão e empregou-se como soprador de vidro na fábrica de vidro José Scaroni, na Rua Gonzaga Bastos, lá permanecendo por pouco tempo. Já nessa época, participava de rodas de samba no Morro da Mangueira na casa de Alfredo Português. Aos 18 anos de idade, tirou sua carteira de motorista, empregando-se na Prefeitura do Rio de Janeiro, no volante do caminhão de limpeza urbana, emprego que manteve por toda a vida. Aprendeu a tocar violão com Aluísio Dias e Cartola.
Em 1938, aos 20 anos de idade, compôs o samba "Farei Tudo", em parceria com Fernando Pimenta, proibido pela censura, porque seus versos foram considerados excessivamente ousados para a época. A partir de então, começou a fazer seus primeiros trabalhos musicais, inspirado no movimento denominado "samba do telecoteco", do qual Ciro de Souza era um dos principais articuladores. Em 1939, teve sua primeira música gravada, o samba "Se Você Sair Chorando", com Nelson Teixeira, registrado por Roberto Paiva. Esse samba foi finalista no Concurso de Músicas Carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, do Governo Getúlio Vargas, tendo sido tocado nas rádios e cantado nas ruas do Rio de Janeiro, projetando seus autores no meio artístico carioca. Ao fazer o arranjo para o samba, Pixinguinha pediu ao cantor Roberto Paiva que o apresentasse ao autor, pois a originalidade da melodia o havia impressionado imensamente.
Por volta de 1940, conheceu Isabel, grande amor de sua vida, musa inspiradora de sambas como "Acabou a Sopa", gravado em 1940 por Ciro Monteiro e "Liberta Meu Coração", gravada em 1947 por Abílio Lessa. Teve gravado por Moreira da Silva em 1943 o "Samba Pro Concurso". Nesse ano, fez grande sucesso com o samba "Você Está Sumindo", parceria com Jorge de Castro, gravado por Ciro Monteiro, seu grande intérprete, amigo e protetor. Em 1944 obteve novo grande sucesso na voz de Cyro Monteiro com "Falsa Baiana", um dos grandes sambas da música brasileira, inspirado na esposa do compositor Roberto Martins, incapaz de sambar no carnaval, com sua fantasia de baiana. Para especialistas, "Falsa Baiana" chama a atenção por sua originalidade melódica e estruturação rítmica. Segundo Nelson Sargento, "depois dessa música, a coisa mais difícil era encontrar Geraldo no morro de Mangueira".
Em 1949, Roberto Silva gravou o samba "Minha Companheira". Nesse ano, teve "Que Samba Bom" gravado por Blecaute, que se tornou um dos maiores sucessos de vendagem da década, levando-o inclusive pela primeira vez a reclamar com a gravadora seus direitos autores pelas vendas dos discos. Ainda nesse ano, Blecaute gravou o samba "Chegou a Bonitona", com José Batista.
Gravou de sua autoria e Arnaldo Passos o samba "Ministério da Economia", sua primeira incursão no terreno da política, elogiando ironicamente a criação do Ministério da Economia pelo presidente Getúlio Vargas. A letra descreve as agruras de um habitante do morro que, não agüentando a inflação, havia mandado sua "Nêga bacana meter os peitos na cozinha da madame em Copacabana".
Em 1955, três meses antes de falecer subitamente vítima de hemorragia intestinal, aos 37 anos, em conseqüência de uma briga num bar da Lapa com o lendário malandro "Madame Satã", viu seu último sucesso gravado em disco, o samba "Escurinho", que conta a trajetória de um escurinho pacato, que de uma hora pra outra muda de comportamento e sai pelos morros comprando brigas, lançado em fevereirto daquele ano por Cyro Monteiro. Depois de sua morte seus sambas continuaram a ser regravados por inúmeros cantores e cantoras, como em 1956, quando teve o samba "Falsa Baiana" regravado por Guio de Morais e seu Ritmo e três anos depois, quando foram gravados por Roberto Paiva os sambas "Escurinho", e "Pedro do Pedregulho" e por Jorge Veiga o samba "Acertei no Milhar".
Em 1971, Paulinho da Viola regravou o samba "Você Está Sumindo" e João Gilberto recriou com sucesso o samba "Bolinha de Papel" para o disco que fazia parte da série "História da Música Popular Brasileira", da Editora Abril dedicado à obra do compositor. Para o mesmo disco foram regravados os sambas "Chegou a Bonitona", por Blecaute; "Escurinha", por Jorge Veiga e "Escurinho", por Roberto Silva. No mesmo ano, Gal Costa regravou o samba "Falsa baiana" no LP "Gal a todo vapor". Em 1974, Chico Buarque incluiu o samba "Sem compromisso", com Nelson Trigueiro no LP Sinal Fechado.
No LP "Roberto Silva interpreta Haroldo Lobo, Geraldo Pereira e seus parceiros", lançado em 1976, teve regravados os sambas "Escurinho", "Os Caprichos Meus", "Lembras-te Daquela "zinha"?"; "Pisei Num Despacho" e "Você Está Sumindo". Em 1979, seu samba "Ministério da Economia" foi proibido pela Censura Federal de ser gravado por Leci Brandão. Em 1980, este samba foi finalmente liberado e gravado por Monarco no LP "Evocação V". Ainda em 1980, foi homenageado pela escola de samba Unidos do Jacarezinho com o enredo "Homenagem a Geraldo Pereira", cujo samba-enredo foi feito por Monarco e em 1981, João Nogueira regravou os sambas "Você Está Sumindo" e "Escurinha". No carnaval de 1982, o compositor foi novamente homenageado no enredo "Geraldo Pereira eterna glória do samba", da Escola de Samba Unidos do Jacarezinho.
Em 2004, foi homenageado no espetáculo "Geraldo Pereira - Um Escurinho Brasileiro" e em 2005, por ocasião dos 50 anos de sua morte foi homenageado pelo jornalista Luís Pimental com uma crônica no Jornal do Brasil na qual o jornalista assim se referiu ao compositor: "O melodista - a quem se atribui a invenção ou pelo menos a burilada do samba sincopado - e letrista de versos livres e arrojados ("Tá louca, chamando pra casa/Agora que o samba enfezou/Vou com a turma pras cabeças/ Não me aborreça, vá que depois eu vou"), viveu apenas 37 anos, mas sua obra valiosíssima tem sido revisitada e regravada em vários momentos e por nomes marcantes da MPB".
(Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB)

Falsa Baiana
(Geraldo Pereira)

Baiana que entra no samba e só fica parada
Não canta, não samba, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca.
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira
Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca.

A falsa baiana quando entra no samba ninguém se incomoda
Ninguém bate palma, ninguém abre a roda
Ninguém grita ôba, salve a Bahia, Senhor!
Mas a gente gosta quando uma baiana quebra direitinho
De cima embaixo revira os olhinhos
E diz eu sou filha de São Salvador!

Que Samba Bom
(Geraldo Pereira/ Arnaldo Passos)

Ô, que samba bom! Ô, que coisa louca !
Eu também tô aí! Tô aí, que é que há
Também tô nessa boca.

Muita bebida, mulher sobrando
Tem até trouxa nesse samba se arrumando
Eu nesse samba , vou me acabar.
Num samba desses, vale a pena a gente entrar.

Escurinho
(Geraldo Pereira)

O escurinho era um escuro direitinho
Que agora tá com essa mania de brigão
Parece praga de madrinha ou macumba
De alguma escurinha que lhe fez ingratidão
Saiu de cana ainda não faz uma semana
Já a mulher do Zé Pretinho carregou
Botou embaixo o tabuleiro da baiana
Porque pediu fiado e ela não fiou
Já foi no Morro da Formiga procurar intriga
Já foi no Morro do Macaco e lá bateu num bamba
Já foi no Morro dos Cabritos provocar conflitos
Já no foi no Morro do Pinto pra acabar com o samba.

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Bragança Paulista, SP
A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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