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7 de maio de 2012

Orestes Barbosa.


Bem minha gente, depois de uma semana sem registros em virtude de uns problemas técnicos por aqui, estamos de volta com nossas lembranças para o samba. Hoje prestamos uma pequena homenagem a um grande compositor da nossa música, além de poeta, escritor e jornalista. Seu nome: Orestes Barbosa.
Orestes Dias Barbosa, nasceu no dia 7 de maior de 1893 na cidade do Rio de Janeiro, no bairro carioca de Vila Isabel. Depois de seu nascimento sua família morou na ilha de Paquetá, mudando-se para a Gávea quando ele tinha sete anos. Seu pai chamava-se Caetano Lourenço da Silva Barbosa e era major e sua mãe chamava-se Maria Angélica Bragança Dias Barbosa. A família passou por dificuldades financeiras ao longo de toda a sua infância. Por causa disso não freqüentou a escola. Aprendeu a ler sozinho, vendo os letreiros de bondes e manchetes de jornais com a ajuda de um vizinho, Clodoaldo de Moraes, pai de Vinícius de Moraes, que também lhe ensinou as primeiras lições no violão, quando ele tinha dez anos. 
Entrou para a escola aos 12 anos, O Liceu de Artes e Ofícios, onde aprendeu o ofício de revisor. Aos 13 anos, venceu um concurso literário na revista "Tico-Tico". Em 1907, então com 14 anos, empregou-se como revisor do jornal "O Século", dirigido por Rui Barbosa. Aos vinte anos, tornou-se repórter do "Diário de Notícias", também sob a direção de Rui Barbosa. Além de repórter, trabalhou como revisor, secretário e cronista, exercendo todas as funções dentro de um jornal. Uma das manchetes criadas por ele, a pedido de Rui Barbosa, tornou-se célebre: "Cortou o mal pela raiz", anunciava um caso policial em que a esposa cortara o órgão sexual do marido que a havia traído. Trabalhou ainda em diversos periódicos cariocas. Em 1913, quando trabalhava para o jornal "A Noite", de Irineu Marinho, liderou um grupo de repórteres na instalação, no Largo da Carioca, de uma roleta de papelão com o seguinte cartaz: "Jogo é franco - Roleta com 32 números - só ganha freguês". O jornal fazia campanha contra a jogatina desenfreada que ocorria na capital do país, insinuando a conivência das autoridades. Foi esse episódio que inspirou a famosa letra do samba "Pelo telefone", de Donga e Mauro de Almeida: "O Chefe da Polícia pelo telefone mandou avisar/ Que na Carioca tem uma roleta para se jogar...".
Estreou como poeta em 1917 com o livro "Penumbra sagrada". Em 1920, foi a Portugal, onde entrevistou Teófilo Braga e encontrou-se com Guerra Junqueiro. Foi um jornalista destemido, escrevendo artigos sobre acontecimentos e críticas aos políticos de então. Por causa disso, esteve preso várias vezes. A primeira prisão foi em 1921, quando escreveu artigo denunciando o Grêmio Euclides da Cunha como aproveitador dos direitos autorais do patrono. Ainda em 1921, publicou o primeiro livro de crônicas intitulado "Na prisão", onde conta casos de dentro do cárcere, além de "Água-marinha", seu segundo livro de poemas. Foi um dos primeiros a manter uma coluna radiofônica no jornal "A Manhã", em meados dos anos 1920. Durante o governo de Artur Bernardes (1922-1926), esteve preso novamente. Apesar disso, continuou escrevendo e publicando livros em prosa. 
Em 1933, fundou, junto com o amigo e parceiro Nássara, o jornal "A Jornada", que tinha a seguinte epígrafe: "Não quero saber quem descobriu o Brasil; quero saber quem é que bota água no leite." O jornal, que durou poucos meses, dedicava-se a artigos sobre a língua brasileira e a campanhas contra a Light, empresa canadense de energia elétrica. Noel Rosa inclusive, compôs o samba "Não Tem Tradução", inspirado em uma crítica publicada em "A Jornada", que falava das particularidades do idioma falado no Brasil. Ainda em 1933, publicou um livro de crônicas intitulado "Samba", que em estilo telegráfico registra o aparecimento do samba urbano.

Considerado um dos grandes letristas de nossa MPB, era assíduo freqüentador do famoso Café Nice e foi parceiro de grandes compositores como Custódio Mesquita, o pianista Nonô, Noel Rosa, Francisco Alves, Wilson Batista e Sílvio Caldas, com quem compôs valsas e canções antológicas, como o clássico da MPB, "Chão de Estrelas". Como letrista, estreou em 1930 com a cançoneta "Bangalô", em parceria com Osvaldo Santiago, gravada pelo cantor Alvinho. Em 1931, teve duas outras parcerias, com J. Thomaz, gravadas por Castro Barbosa na Victor, o fox-samba "Flor do Asfalto" e o samba "Carioca" e o samba "Rosalina" por Jonjoca também na Victor. No mesmo ano, estreou cantando em disco um samba de Heitor dos Prazeres, "Nega, Meu Bem". No ano seguinte, Francisco Alves gravou a canção "Meu Companheiro", parceria dos dois, e 
Em 1933, compôs com Francisco Alves a marcha "Há Uma Forte Corrente Contra Você" gravada pelo próprio Francisco Alves. No mesmo ano, gravou com o compositor Nássara a marcha "As Lavadeiras", parceria dos dois e com o mesmo Nássara compôs o samba "Caixa Econômica", gravado em dueto por João Petra de Barros e Luiz Barbosa na Victor. Ainda nesse ano, compôs com Noel Rosa o samba "Positivismo", que o próprio Noel Rosa gravou e com o pianista Nonô fez a canção "Vidro Vazio" lançada na Victor por Sílvio Caldas. Em 1934, compôs com Sílvio Caldas o samba "Sem Você" gravado por Aurora Miranda e com Francisco Alves a modinha "Não Sei..." e a valsa “Romance", lançadas pelo próprio Chico Alves. Nesse ano, obteve um de seus maiores sucessos, a valsa "A Mulher Que Ficou na Taça", parceria com Francisco Alves que a gravou em disco que trazia outra parceria dos dois, a canção "Adeus". No ano seguinte, Francisco Alves gravou a marcha "Meu São João", outra parceria com Nássara. Em 1936, as Irmãs Pagãs gravaram a marcha "Gato Escondido", parceria com Custódio Mesquita, e Sílvio Caldas a canção "O Nome Dela Não Digo", parceria dos dois. Em 1937, Sílvio Caldas gravou duas parcerias dos dois, "Arranha-céu" e "Chão de Estrelas", que se tornou um clássico da música brasileira e seu maior sucesso. No ano seguinte, nova parceria com Sílvio Caldas foi gravada pelo cantor e parceiro, a valsa-canção "Suburbana".
Em 1945, Carlos Galhardo gravou os sambas "Canário", parceria com Ari Monteiro e "Cabelo Branco", com Wilson Batista, e Ataulfo Alves e suas pastoras, o samba "O Negro e o Café", parceria com Ataulfo Alves. Nesse ano, compôs com Custódio Mesquita o samba-choro "Flauta, Cavaquinho e Violão", gravado por Aracy de Almeida e com Benedito Lacerda o samba "Manchete de Estrelas" gravado por Ericsson Martha. Teve gravado por Roberto Paiva no ano seguinte o samba "Abandono", parceria com Roberto Martins e por Vicente Celestino "Altar de Lama", parceria com o próprio Vicente Celestino. Em 1947, teve outra parceria com Wilson Batista gravada, o samba "Abigail", lançado por Orlando Silva.
Em 1948, compôs com Herivelto Martins o samba "Canaviais" lançado pelo Trio de Ouro e em 1950, o samba-canção "Abolição", parceria com Wilson Batista foi gravado por Francisco Carlos. No ano seguinte, o cantor Carlos Roberto lançou o samba "Gato Angorá", parceria com Américo Pastor.
Em 1955, compôs com o violonista Valzinho o samba "Óculos Escuros", gravado por Zezé Gonzaga e em 1956, "Flor do asfalto", com J. Thomaz e "Serenata", com Sílvio Calas, foram gravadas por Cauby Peixoto em compacto simples.
Faleceu no dia 15/8/1966 no Rio de Janeiro e no mesmo ano em que morreu, foi homenageado pelo poeta Walmir Ayala com a peça "Chão de Estrelas", espetáculo montado num circo em pleno Tabuleiro da Baiana, Centro Histórico do Rio de Janeiro. Em 1962, sua canção "Por Teu Amor", com Francisco Alves foi relançada por Gilberto Alves. Em 1968, o conjunto de rock Os Mutantes regravou "Chão de Estrelas". Na década de 1970, recebeu homenagem do cantor e compositor Paulinho da Viola, que regravou "Óculos Escuros" em seu LP "Paulinho da Viola". Em 1974, Jards Macalé gravou "Imagens", com Valzinho, em seu LP "Aprender a Nadar". Na década de 1980, o samba "Araruta", com Noel Rosa foi gravado pelo conjunto Coisas Nossas, no LP "Noel Rosa, Inédito e Desconhecido" e em 1993 foi homenageado pelo selo Revivendo com o lançamento do CD "O Poeta Nas Vozes de Francisco Alves e Sílvio Caldas”.

( Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB)

Positivismo
(Noel Rosa / Orestes Barbosa)

A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
E também faleceu por seu pescoço
O autor da guilhotina de Paris

A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
E também faleceu por seu pescoço
O infeliz autor da guilhotina de Paris

Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição:
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração

O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezastes esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim

O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezastes esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim

Vai, coração que não vibra
Com teu juro exorbitante
Transformar mais outra libra
Em dívida flutuante

A intriga nasce num café pequeno
Que se toma pra ver quem vai pagar
Para não sentir mais o teu veneno
Foi que eu já resolvi me envenenar


Araruta
(Noel Rosas / Orestes Barbosa

Tu pedes, mandando
"Faça o favor" a tua boca nunca diz.
Tu cedes, negando
Com esses olhos que para mim são dois fuzis.
Sou mole, manhoso,
Teus impropérios retribuo com brandura
Pois água mole
Na pedra dura tanto bate até que fura!

Tu beijas, mentindo
A tua boca beija e mente sem sentir.
Desejas sorrindo
Que o teu perdão humildemente eu vá pedir.
Não peço,
Espero ainda ver-te entre lágrimas bem mal.
Meu bem, escuta:
A araruta tem seu dia de mingau!


 Chão de Estrelas
(Orestes Barbosa / Sílvio Caldas)

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de 'doirado'
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Nosso barracão no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou
Nossas roupas comuns dependuradas
Na janela qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

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Bragança Paulista, SP
A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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