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14 de junho de 2012

Wilson das Neves.

Comemora hoje 76 anos de vida o ótimo compositor, cantor, instrumentista e baterista Wilson das Neves.
Nascido no dia 14 de junho de 1.936 na cidade do Rio de Janeiro, estudou música com Joaquim Naegle e, mais tarde, com Darci Barbosa. Conhecido pelo bordão "ô sorte", com o qual é saudado e reconhecido no meio artístico, mas segundo o próprio, a criação deste bordão foi do cantor e compositor Roberto Ribeiro, que assim costumava cumprimentar o amigo baterista nas rodas de samba na Escola de Samba Império Serrano.
Em 2006 participou como ator do filme "Noel, Poeta da Vila", de Ricardo Van Steen. Logo depois participou como ator do filme "O Filho do Futebol", no qual contracenou com Jece Valadão e do curta-metragem "Alfavela", dos diretores Dado Amaral e Paola Vieira. Em 2010 o cineasta mineiro Cristiano Abud deu início as filmagens do documentário "O Samba é Meu Dom", sobre a vida e obra do baterista, cantor e compositor.
Aos 14 anos, levado pelo percussionista Edgar Nunes Rocca, conhecido como “Bituca", Wilson iniciou-se na música. Mais tarde, o mesmo Bituca o levou para tocar na Escola Flor do Ritmo, no subúrbio carioca do Méier. Aos 21 anos, estreou como baterista na Orquestra de Permínio Gonçalves.
A partir da década de 1950 atuou em shows e gravações com os principais nomes da MPB. Acompanhou a pianista Carolina Cardoso de Meneses entre 1957 e 1958. Neste mesmo ano de 1958, passou a integrar o Conjunto Ubirajara Silva e, no ano seguinte, fez a sua estréia em estúdio gravando pela Copacabana Discos. Participou de vários conjuntos, entre eles o de Steve Bernard em 1963, da Orquestra de Astor Silva em 1964. Neste mesmo ano fundou o grupo Os Ipanemas, com o qual chegou a gravar apenas um LP no mesmo ano. Em 1965 passou a integrar o conjunto de Ed Lincoln e ainda a Orquestra da TV Globo do Rio de Janeiro e da Orquestra da TV Excelsior de São Paulo. Em 1968 atuou como baterista da Orquestra do Maestro Cipó na TV Tupi de São Paulo. Neste mesmo ano gravou no LP "Elza Soares - Baterista: Wilson das Neves". No disco, ambos interpretaram "Balanço Zona Sul" (Tito Madi), "Garota de Ipanema" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Copacabana" (João de Barro e Alberto Ribeiro) e "Saudade da Bahia", de Dorival Caymmi, entre outras. No ano seguinte, lançou o disco "Som Quente é o Das Neves", no qual incluiu "Se Você Pensa" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), "Irene" (Caetano Veloso), "Jornada" e "Wilsamba" (composta em homenagem à batida singular do baterista), ambas de autoria de Roberto Menescal. Entre 1966 e 1973, trabalhou com o maestro Copinha, Elza Soares, Elis Regina, Wilson Simonal, Elizeth Cardoso e Roberto Carlos.
No ano de 1970, gravou o LP "Samba Tropi - Até Aí Morreu Neves", no qual incluiu "Essa Moça Tá Diferente" (Chico Buarque), "Sarro" (Erlon Chaves) e "Feira", de Nonato Buzar e Mônica Silveira. Em 1976, relançou o disco "O Som Quente é o Das Neves", quando interpretou de sua autoria "Sá Nega", parceria com Ineres e Geraldo Barbosa, além de gravar sucessos como "Berimbau" (Baden Powell e Vinicius de Moraes), "O Canto do Pajé" (Villa-Lobos e C. Paulo Barros) e "Os Caras Querem", de João Donato e Orlandivo.
Entre 1980 e 2000 trabalhou com Chico Buarque, Ney Matogrosso e João Donato, entre muitos outros. Em 1996, lançou o CD "O Som Sagrado de Wilson das Neves", com 14 composições suas, sendo 13 em parceria com Paulo César Pinheiro e uma em parceria com Chico Buarque. O disco, agraciado com o Prêmio Sharp, trouxe as participações especiais de Chico Buarque em "Grande Hotel" (c/ Chico Buarque), em "Som Sagrado" (c/ Paulo César Pinheiro), a participação de Paulo César Pinheiro e ainda a participação especial de João Nogueira em "Um Samba Pro Ciro Monteiro". Neste mesmo ano, o grupo Toque de Prima gravou uma composição de sua autoria "O Samba É Meu Dom", em parceria com Paulo César Pinheiro, que deu nome ao disco do grupo. Em 1999 uma gravadora inglesa lançou o CD 1999 "The Return Of The Ipanemas", com a nova formação do grupo que incluía integrantes da primeira formação como Wilson, Mamão e o violonista Neco. No ano 2000, ao lado de Nelson Sargento, Walter Alfaiate, João de Aquino e Mariana de Moraes, participou do show em homenagem a Darci do Jongo, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano o Quinteto em Branco e Preto, grupo formado por jovens músicos e compositores da periferia de São Paulo, lançou o CD "Riqueza do Brasil", no qual fez participação especial ao lado de outros artista como Almir Guinéto, Velha Guarda da Camisa Verde e Branca, Beth Carvalho e Mauro Diniz. Em 2001 participou do disco "Quintal do Pagodinho" produzido por Rildo Hora. Neste CD, idealizado por Zeca Pagodinho, foram reunidos vários compositores, entre eles Efson, Bidubi, Alamir, Octacílio da Mangueira, Leandro Dimenor, Rixxah, Barbeirinho do Jacarezinho, Luiz Grande, Dunga, Zé Roberto, Maurição, Carlos Roberto, Jorge Macarrão e Luizinho Toblow. Ainda em 2001, participou do disco "Brasileira", da cantora e compositora capixaba Katia Rocha. No CD, ao lado de Luciana Rabello, participou da faixa "Minha Ilha" de autoria de Francisco Velasco. Fez participação especial no disco "Nome Sagrado - Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho", no qual interpretou em dueto com a cantora a faixa "Degraus da Vida" de autoria de Nelson Cavaquinho, César Brasil e Antônio Braga. Participou do disco "Coisa de Chefe", de Cláudio Jorge, no qual interpretou em dueto com o anfitrião, uma parceria de ambos, "E O Vento Levou", sendo também incluída no CD, outra composição de autoria de ambos, "O Que É O Carnaval".
Em 2002 participou do "Projeto Novo Canto", no qual apresentou Luciane Menezes, Ângelo Vidor e o grupo Dobrando a Esquina. No ano de 2003 foi um dos convidados de Wilson Moreira na roda de samba que o compositor apresentava no Centro Cultural Lapases, na Lapa, centro do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, fez show de lançamento do CD "O Som Sagrado de Wilson das Neves". Na ocasião, além do repertório do CD, mostrou diversas composições inéditas: "Ensinamento" (c/ Paulo César Pinheiro), "Tudo O Que Vivi" (c/ Moacyr Luz). Nesse mesmo ano Walter Alfaiate gravou no disco "Samba Na Medida" a faixa "Essa É Pra Quem Bebe", (Wilson das Neves / Paulo César Pinheiro).
Em 2004 no Centro Cultural Carioca foi apresentado o curta-metragem "O Samba É Meu Dom", no qual o compositor contou detalhes de sua vida. No filme ainda constou a participação especial de Chico Buarque, Miucha e da Velha-Guarda do Império Serrano. Ainda em 2004 lançou o CD "Brasão de Orfeu", no qual incluiu "Imperial" (c/ Aldir Blanc), "Jóia Perdida" (c/ Paulo César Pinheiro), "Fonte do Prazer" (c/ Cláudio Jorge), "Ensinamento" (c/ Paulo César Pinheiro), "Samba Pra Mim Mesmo" (c/ Paulo César Pinheiro), "Lupiciana" (c/ Nei Lopes), "Enganos" (c/ Ivor Lancelotti), "De Muito Longe" (c/ Délcio Carvalho), entre outras. Neste mesmo ano de 2004, no disco "Daqui, Dali e De Lá", o grupo Toque de Prima gravou de sua autoria "Ensinamento" (c/ Paulo César Pinheiro). No ano de 2005, com Wanderley Monteiro e Walter Alfaiate, apresentou o show “WWW.Samba” e sua composição "Estava Faltando Você", parceria com Délcio Carvalho, deu título ao CD de Nilze Carvalho.
Em 2008 excursionou com a nova formação do grupo Os Ipanemas pela Holanda, Inglaterra e País de Gales. Lançou, na Inglaterra, o quinto disco do grupo Os Ipanemas, o CD "Que Beleza". Participou ainda como convidado especial, de vários shows da Orquestra Imperial, no Rio de Janeiro. Em 2010 lançou o CD "Pra Gente Fazer Mais Um Samba" no qual interpretou "Outono Chegou", "Folha No Ar", "Coquetel", "Quem Espera Sempre Alcança", "Passarinho de Gaiola", "Hino da Velha Guarda do Império" e a faixa-título "Pra Gente Fazer Mais Um Samba", todas em parceria com Paulo César Pinheiro e ainda "Estava Faltando Você" (c/ Délcio Carvalho), "Não Dá" (c/ Arlindo Cruz), "Assédio" (c/ Nei Lopes) e "Ingrata Surpresa", com o baiano Roque Ferreira. O disco contou com a participação dos músicos João Carlos Rebouças (piano), Zé Luiz Maia (baixo), Vítor Santos (trombone), Cláudio Jorge (violão), Jorge Hélder (violão), André Tandeta (bateria) e Mariana Bernardes nos vocais.
Em 2011 participou da 22ª edição do "Prêmio da Música Brasileira" realizada no Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, em homenagem ao cantor e compositor Noel Rosa, na qual interpretou "Conversa de Botequim" e "Com Que Roupa?", ao lado de Tantinho da Mangueira;. Nesse mesmo ano realizou o show de lançamento do CD “Pra Gente Fazer Mais Um Samba”, no Rio de Janeiro, acompanhado dos músicos Zé Bigorna (sax e flauta), Romulo Gomes (contrabaixo), André Tandeta (bateria), Alfredo Cardim (piano) e Armando Marçal (percussão). Apresentou-se no festival "Brasilidade", realizado pelo Ministério da Cultura, que reuniu várias artistas em um palco montado na Lapa, no Rio de Janeiro. Apresentou-se, ao lado de Bnegão, no palco do Teatro Rival, no Rio de Janeiro, acompanhados dos músicos Zé Bigorna (sax e flauta), Zé Luiz Maia (contrabaixo), André Tandeta (bateria), Alfredo Cardim (piano) e Armando Marçal (percussão). Participou como convidado do CD “Chico”, de Chico Buarque, no qual interpretou a faixa “Sou Eu” (Chico Buarque e Ivan Lins), em dueto com o compositor.
Como baterista trabalhou com mais de 600 artistas, entre os quais Sarah Vaughan, Michel Legrand, Clara Nunes, Chico Buarque, Elizete Cardoso, Beth Carvalho, Roberto Carlos, Elis Regina e Elza Soares, além de quase todo o elenco da MPB, inclusive Tom Jobim com quem atuou como músico da trilha sonora da peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, encenada em 1956. Entre seus vários parceiros também consta o poeta Guilherme de Brito.
Com esse registro, humildemente deixamos Nossos Parabéns a este grande sambista!


O Samba É Meu Dom
(Wilson das Neves / Paulo César Pinheiro)

O samba é meu dom
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba-canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba vendo um samba de pé no chão
No Império Serrano, a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar, gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô, Donga, Ciro e João Gilberto
O samba é meu dom
Aprendi muito samba com quem sempre fez samba bom
Silas, Zico, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão
Zé com Fome, Herivelto, Marçal, Mirabô, Henricão
O samba é meu dom
É no samba que eu vivo, do samba é que eu ganho o meu pão
E é no samba que eu quero morrer de baqueta na mão
Pois quem é de samba, meu nome não esquece mais não

Essa É Pra Quem Bebe
(Wilson das Neves / Paulo César Pinheiro)

Pra quem sempre bebe muito mais devagar com esse andor
Sobretudo quando o assunto geralmente, envolve amor
É melhor que tu não brinques porque o amor é enganador
Vale mais viver nos trinques, beber os seus drinks, ser mais moderador.
Mas tu queres outra dose porque não sabes parar
Tens aumento de glicose, risco de cirrose, tu podes pifar
E a mulher que está contigo a moçada quer levar
É aí, meu caro amigo que mora o perigo da testa se enfeitar.
Beiço rosa, pé inchado e vermelho é o seu olhar
De cachaça, rum, traçado, genebra, quinado e conhaque do bar
Que mulher nenhuma agüenta esse embalo segurar
Qualquer dia o tempo esquenta um dia, a rua atenta, ela vai te abandonar.

Partido do Tempo
(Wilson das Neves / Paulo César Pinheiro)

Eu perguntei ao tempo quanto tempo eu tenho pra passar o tempo
O tempo me respondeu deixa o tempo passar, você tem muito tempo
Das Neves, você tem muito tempo... Quem pensa no tempo também perde tempo,
Das Neves, você tem muito tempo... Pois é dá um tempo, que o tempo é pra já.

Quem diz todo o tempo que o tempo é dinheiro
Não tem passa-tempo nenhum tempo afora
Pra se ter bom tempo tem que ter tempero
Não põe contratempo que o tempo piora
O tempo procura não ter tempo quente
Pra fechar o tempo hoje o tempo demora
Os tempos mudaram, pois já foi-se o tempo
Da temperatura dos tempos de outrora
Ninguém ganha tempo que o tempo é momento
Do temperamento do tempo de agora
O tempo só quer que se dê tempo ao tempo
Que tudo do tempo chega a tempo e hora

Das Neves, você tem muito tempo... Quem pensa no tempo também perde tempo,
Das Neves, você tem muito tempo... Pois é dá um tempo, que o tempo é pra já.

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A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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