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18 de junho de 2013

Paulo da Portela.



Bem, depois um longo e tenebroso inverno, retornamos próximo ao inverno desse ano, para retomar nossos passos e colaborar com nossa pequena parcela na divulgação e propagação do nosso querido samba.
Para recomeçar nossos registros, repetimos a citação ao grande Paulo da Portela, figura importantíssima na história do samba brasileiro, que hoje completaria 112 anos de vida.
Paulo da Portela ou Paulo Benjamin de Oliveira, como foi registrado, tem sua história confundida com o surgimento e a fixação do próprio samba na cidade do Rio de Janeiro. De origem negra e proletária, vivendo no subúrbio carioca de Oswaldo Cruz, logo percebeu a importância desse gênero musical e a possibilidade de organização e valorização de sua gente a partir do samba, tendo sido capaz de interferir positivamente e contribuir para que o samba, da forma como era cultivado nos morros, se popularizasse.
Nascido em 18 de junho de 1901, só teve a instrução primária e trabalhou desde cedo para ajudar a família que mudou-se para Oswaldo Cruz no início dos anos 20. O subúrbio de então era comparado a uma roça, sem estrutura apropriada para abrigar a população de baixa renda. Porém, os pobres se divertiam em fandangos e em animados pagodes. Como muitos moradores vinham do Estado do Rio ou de Minas Gerais, cultivava-se o Jongo e o Caxambu.
Aos 20 anos de idade, Paulo já era conhecido por suas boas maneiras e jeito elegante em se vestir, apesar dos poucos recursos. Frequentador assíduo de festas, ajudava em suas organizações tendo fundado o primeiro bloco de Oswaldo Cruz: o Ouro Sobre Azul.
Em 1922, ao lado dos companheiros Antônio Rufino dos Reis e Antônio da Silva Caetano, Paulo fundou o bloco Baianinhas de Oswaldo Cruz. Vem dessa época o nome artístico Paulo da Portela (referência à Estrada do Portela), que servia para diferenciá-lo de outro Paulo, também sambista, de Bento Ribeiro.
Os três companheiros passaram a se reunir sob uma mangueira no número 461 da estrada do Portela, visando uma atividade sócio-cultural que reunisse os amigos. Foi um sucesso e virou uma referência de samba no bairro.
No dia 11 de abril do ano de 1926, fundou-se o Conjunto Carnavalesco Escola de Samba de Oswaldo Cruz. Antes de estabelecer-se na Estrada do Portela, a futura agremiação teve muitas sedes provisórias. A mais curiosa foi um vagão do trem que partia pela manhã da Central do Brasil em direção ao subúrbio, onde os sambistas se reuniam diariamente para passar o samba. Um grupo saía de Oswaldo Cruz para encontrá-los pontualmente na Central do Brasil e dar início à atividade. Aos domingos, todos conheciam os sambas ensaiados durante a semana. Conta-se que Paulo advertia quem se comportava mal e dava bom exemplo usando terno, gravata e chapéu, sendo seguido por alguns companheiros. "Seu" Paulo, como fazia questão de ser chamado, gostava de ver todos com "pés e pescoços ocupados". Paulo da Portela tinha consciência de que a atividade artística que produziam era rica e poderia tornar-se profissional, daí a preocupação em diferenciar a imagem do sambista do malandro vadio perseguido pela polícia. Paulo era conhecido por "professor" e é assim que muitos sambistas, ainda hoje, se referem a ele.
A Portela apresentou-se pela primeira vez com o nome "Quem Nos Faz É O Capricho", no carnaval de 1930. A partir de 1931, desfilou com o nome de "Vai Como Pode". A partir do dia 1 de março de 1935, a escola assumiu o nome G.R.E.S. Portela, a pedido de um delegado de polícia que não gostava do antigo nome.
Inúmeros depoimentos dão testemunho da criatividade, inteligência e liderança de Paulo da Portela, de fato um verdadeiro professor que, apesar do baixo nível de escolaridade, lia muito e expressava-se muito bem, capaz de memoráveis discursos improvisados. Seus sambas cantam o próprio samba e o jeito simples da vida suburbana, cantam o amor da forma mais singela e terna, exaltam a mulher e a cidade que o conheceu e o aplaudiu. Paulo da Portela foi um sambista, mas também um cronista de sua gente simples que tanto soube valorizar.
Paulo afastou-se de sua escola querida em 1941 após desentendimento em pleno desfile, saindo magoado como revelam os versos de O Meu Nome Já Caiu No Esquecimento.
Paulo faleceu em 31 de janeiro de 1949, vítima de um ataque cardíaco. Seu cortejo fúnebre foi acompanhado por cerca de 15.000 pessoas. O comércio de Madureira fechou na véspera de mais um carnaval para chorar de saudade por seu poeta e professor.Paulo saiu da Portela e levou seu carisma para a Lira do Amor, pequena escola que o recebeu de braços abertos. Poderia ter ido para o Estácio ou a Mangueira, onde tinha companheiros como o compositor Cartola, mas já era muito conhecido e foi emprestar seu nome e sua imagem a Lira do Amor, escola de Bento Ribeiro.


O Meu Nome Já Caiu No Esquecimento

(Paulo da Portela)

O meu nome já caiu no esquecimento
O meu nome não interessa a mais ninguém
E o tempo foi passando, e a velhice vem chegando
Já me olham com desdém
Ai quantas saudades
De um passado que se vai no além
Chora, cavaquinho, chora
Chora, violão, também
O Paulo no esquecimento
Não interessa a mais ninguém
Chora, Portela! Minha Portela querida!
Eu que te fundei, serás minha toda vida.

Deus Te Ouça
(Paulo da Portela / Cartola)

Me contrariei (Por que razão?)... Só eu mesmo sei (Diga então)
Eu que sempre fui leal a quem só me quis o mal
Devo ser feliz (Tu serás)... O bem que eu fiz (Ninguém faz)
Confiança em Deus rapaz, nas mãos do Mestre, o Bem terás.
Confiança em Deus rapaz, nas mãos do Mestre, o Bem terás.
Apesar de ser tão pobre tive um coração tão nobre
Ai meu Deus, tenha fé,
Quem tem fé não cansa, nunca perde a esperança
Ai meu Deus, tenha fé.
Quem tem fé não cansa, nunca perde a esperança

Um comentário:

  1. Que Maravilha !!! Fiquei emocionada com essa homenagem a Paulo da Portela. Monarco cantando...e a Velha guarda. Vou levar essa postagem pra todos eles. Vocês me permitem?
    Portela e Mangueira... eternas companheiras! Ve o Cartola da Mangueira com o Paulo da Portela compondo juntos.
    É esse meu sonho, para o samba de Bragança! União, Parceria e Respeito Parabéns a vcs pelo lindo trabalho.
    Saudações Sambistas
    Elenice Amaral Baratella

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Bragança Paulista, SP
A Ala de Compositores da Faculdade do Samba Dragão Imperial possui cerca de 40 membros, dos quais grande parte todos os anos escrevem e participam do concurso da escolha do samba enredo da Azul e Rosa. Os Poetas Imperiais, como também são denominados, realizam rodas de samba semanais nas quais relembram sambas de diversos ícones desse ritmo brasileiro, com um tempêro todo seu na "quase famosa" Panela Imperial, que inclusive já se apresentou em algumas cidades, como Serra Negra, além da sua Bragança Paulista. Esse blog é um veículo para a divulgação das atividades da Ala, de dados culturais relativos ao samba, além de ser um espaço para que nossos compositores divulguem suas letras, os áudios de seus sambas, postem fotos de eventos realizados e muito mais...

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